domingo, 25 de dezembro de 2011

CIZE

CESÁRIA ÉVORA

Por estes dias assitimos a todo o tipo de mensagem de condolências e de enaltecimento daquela que foi, até então, a maior figura da cultura cabo-verdiana, pela forma como consegui levar o nome e a alma de Cabo Verde aos mais recônditos lugares deste mundo. Em muitos países, ainda, a única referência que têm sobre Cabo Verde é o nome, a pessoa e a música que Cize transportou com a sua voz melodiosa e encantadora. Cesária Évora, no dizer de Vasco Martins, entre outras qualidades, tinha uma capacidade de afinação musical excepcional. Mas a meu ver, para além desse seu dom musical, o que mais se destacava em Cize, era a sua simplicidade e generosidade perante a fama que alcançou, o seu discurso sempre muito natural e autêntico. Não buscava respostas nem discursos elaborados, respondia às perguntas que lhe eram postas com respostas que demonstravam um profundo conhecimento das agruras da vida sem se mostrar minimamente afectada com o deslumbramento da fama que se reflectia constantemente nos seus interlocutores. Não aceitava qualquer tipo de comparações com outras figuras famosas do mundo do espectáculo: dizia admirá-las pela sua obra mas mantinha sempre os seus pés descalços em terra firme ainda que muitas vezes colocada nas nuvens. Ela era e seria sempre "CESÁRIA ÉVORA". Cantava por prazer e isso para ela era fundamental. Dizia ser agradável saber que as pessoas a admiravam e apreciavam o seu modo de cantar o destino deste povo, a alma deste povo sofredor. Dava-lhe especial prazer saber que podia assim contribuir para a felicidade dos seus admiradores. Aliás, esse parecia ser uma das grandes preocupações de Cize, poder partilhar com os outros o sucesso que conseguiu alcançar não obstante as dificuldades por que passou durante um largo período da sua vida. Para ela o sucesso era uma dádiva que devia ser partilhada de todas as formas possíveis para ajudar os outros,a serem, também eles, minimamente felizes.
Conta-se que quando passava por Lisboa, Cize fazia questão de pedir que lhe trocassem algumas notas de 10 e 20 euros que levava num saco de compras de supermercado para distribuir ás famílias de cabo-verdianos que viviam com dificuldades nos bairros sociais da capital portuguesa. Também em Mindelo, sua cidade natal, Cize era conhecida por estar sempre preocupada em ajudar os mais necessitados.
É esta faceta genuinamente humana de Cize que a torna uma figura incontornável e insubestituível. Portanto, quando se fala de possíveis sucessoras para a Cesária Évora, só se poderá estar a falar da probalidade de vir a aparecer dentro do roll de artistas cabo-verdianos contemporâneos, alguém que pelo seu talento, possa vir a ter um percurso artístico que, de alguma forma, o faça aproximar-se, em termos de respeito e admiração, do que Cesária Évora conseguiu.
A morte de Cize conseguiu surpreender a nação porque nunca em vida, em Cabo Verde, terá merecido a manifestação de respeito e admiração que foi demonstrada na hora da sua despedida derradeira. Afinal, também em Cabo Verde, Cize tinha muitos admiradores secretos que só se vieram a revelar como tal no momento da sua morte.
Outra surpresa que o passamento de Cesária Évora nos trouxe foi o desfilar de mornas e coladeiras na nossa rádio nacional que normalmente tem outro tipo de alinhamento musical. Espero que essa seja uma opção a ter em conta não só nos momentos de dizer adeus aos nossos artistas de renome em reconhecimento póstumo à sua obra, mas que que seja uma opção de divulgação da nossa cultura, da nossa música e dos seus melhores intérpretes. É que para além do lado comercial, a nossa rádio nacional, tem por dever, ajudar na divulgação e preservação dos valores que enformam a nossa cultura.
Sim, Cabo Verde fica mais pobre com o desaparecimento físico de Cesária Évora! Mas, o legado que nos é deixado, em termos de valores humanos, culturais e artísticos, é enorme. É por isso preciso que saibamos respeitá-lo e preservá-lo.
A minha vénia a esta Senhora que se consagrou como sendo uma das maiores figuras da cultura e da música cabo-verdiana. Cesária Évora!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A CRISE ESTÁ EM NÓS!

Entraram porta dentro, armas em riste, cabeças encapuçadas, apontaram as armas á cabeça dos empregados e pediram o dinheiro da caixa. Não satisfeitos, percorreram todos os quartos do estabelecimento á procura de mais dinheiro e foram-se embora sem levar mais nada. Aconteceu assim no Café Sofia, na praça Dr. Loreno, em pleno centro da capital, como tinha acontecido no Cometa, outro dos mais frequentados bares da cidade, na Achada Sto. António. A polícia, soube do ocorrido quando foi apresentada a queixa na esquadra, onde está acantonada. Normalmente, só sai para passar umas coimas por infracções ás regras de trânsito e para intervir nos bairros mais críticos da urbe, quando são para isso chamados e os carros de patrulhamento estão abastecidos com combustível. Deixou de se investir na prevenção, o Estado cedeu o seu "poder legítimo do uso de violência contra o cidadão" aos THUGS. Tudo lhes é Permitido: Desde a invasão ao domicílio para cometer crimes contra a vida, até encontros com o Primeiro Ministro e cachupadas com membros do governo á mistura. Afinal não somos imunes á crise! O pior, é que para além da crise económica, sofremos de uma galopante crise de valores éticos e morais. A corrupção alastra-se nas instituições do Estado, as familias retiram a autoridade aos professores nas escolas e ficam reféns das gangs juvenis, da falta de renda provocada pelo desemprego e pelas políticas sociais que aos poucos vão fragilizando essa célula fundamental da sociedade. E nós, refugiamos-nos nos nossos lares, olhamos para a TV desligada e culpamos a crise e a oposição.
A crise está em nós!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

POLÍTICA TENDO COMO FIM O BEM COMUM

Estamos em Outubro, em breve, com o virar do ano, teremos eleições autárquicas. Na Praia, o meu município, Ulisses Correia e Silva perfila-se como o candidato com maiores probabilidades de vencer o pleito eleitoral, fruto de um trabalho á frente da Câmara Municipal que tem tornado a cidade com uma melhor estética e mais funcional.
Ulisses, apesar da polémica que se gerou á volta da questão, conseguiu retirar os vendedores ambulantes das ruas do platô, libertando os passeios para o transeuntes, mas ficaram os cambistas que vêm aos poucos ocupando o lugar dos vendedores ambulantes. O caso dos cambistas é de solução mais simples do que a que se relacionava com o da venda ambulante pelas ruas do platô porque esta actividade é de todo ilegal e segundo o que tem vindo a público, através dos meios de comunicação social, está ligada ao tráfego e venda de armas e munições. Portanto, não implica a criação de um espaço para albergar estes meliantes. Sendo certo que, no entanto, este será um trabalho para a Polícia Nacional e não da Câmara Municipal.
Ulisses tornou a rua 5 de Julho num espaço aprazível para todos quantos se deslocam ao Plateau, investiu em actividades culturais e aos poucos vai apetrechando a cidade de espaços de convívio público que vão desde as praças inauguradas em vários bairros periféricos da capital, até á construção de uma nova esplanada na Praça Alexandre Albuquerque. Toda essa obra que está a ser feita pelo actual Presidente da Câmara Municipal e seus pares, poderá ser um estímulo ao convívio em espaço público, reavivando assim, o espiríto de comunidade que aos poucos se vai perdendo devido á insegurança que graça pela cidade e por quase todo o país.
Por outro lado, Correia e Silva, herdou da anterior câmara de Felisberto Vieira uma situação dificil de propagação de bairros clandestinos, fruto de políticas populistas que urge combater, pelos vários problemas sociais que este fenómeno em franca expansão trás por arrastamento, que vai desde a falta de organização urbanística até á propagação de grupos de delinquentes juvenis, do roubo de energia eléctrica, da falta de salubridade desses bairros que reúnem condições propicias para a propagação de doenças como a malária e a dengue muito presentes entre nós.
Porém, também nesta matéria, para que se possa proceder à reabiliação desses bairros, parece que será necessário uma forte cooperação com o governo, porque em alguns casos, será necessário realojar algumas famílias e, isso só será possível, através da criação de bairros sociais bem estruturados. Há no entanto, a meu ver, uma forte necessidade de uma intervenção fiscalizadora, principalmente nos bairros emergentes, evitando assim avultados prejuízos, tanto para as famílias envolvidas neste processo, bem como para o próprio Estado. É que deixar que sejam construídas as casas para depois vir demolir, para além dos confrontos entre a população e as autoridades estatais, acaba por provocar danos a ambas as partes que poderiam ser evitados com uma intervenção fiscalizadora mais eficiente.
Existem no entanto bairros onde a solução terá que passar pelo seu reordenamento, criando espaços de circulação para que possa haver acessos rápidos em caso de acidentes, bem como a criação equipamentos sociais que sirvam de apoio ás familias que ali vivem e ajudem a encurtar as distâncias da integração social. Nestes casos, parece-me de maior importância, a criação e envolvimento de associações de zona que possam ajudar os moradores a melhor entender quais a necessidades prioritárias para cada bairro e ajudar a envolver a comunidade neste processo, e na correcta utilização desses equipamentos.
A requalificação de parte da zona litoral tem vindo a proporcionar o aparecimento de mais espaços de lazer públicos e privados não obstante alguns dos gerentes e proprietários da maioria desses espaços privados continuarem a insistir em ter como música ambiente música mais adequada a discotecas do que propriamente ao tipo de negócio que gerem, onde devia prevalecer a paisagem e um som ambiente que propiciasse a contemplação e a conversa. Isso faz com que a cidade ganhe mais espaços de lazer em termos de quantidade mantendo o défice de qualidade já existente. Contudo, apesar de faltar ainda muito por fazer, Ulisses Correia e Silva coseguiu, incontestávelmente, melhorar as condições de vida de quem vive na Praia, de tal forma que já é tido como certa a sua vitória nas próximas eleições autárquicas, a tal ponto que, os outros partidos, e principalmente o grande rival do MPD, o PAICV, começa a ter dificuldades em apresentar um candidato para confrontar-se com o actual Presidente da Câmara da Praia.
Com esta atitude, Ulisses Correia e Silva está a demonstrar que, realmente, os problemas que a Praia enfrentava e ainda enfrenta, têm soluções, e que, é possível, não só resolver esses problemas, bem como, conquistar a admiração dos eleitores através do trabalho e da apresentação de ideias que visem resolver os problemas que afligem os munícipes no seu dia-a-dia. Afinal, também é possível fazer política trabalhando em prol do bem comum!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PAÍS DE DESENVOLVIMENTO MÉDIO

 O governo em vez de criar condições económicas para que as famílias cabo-verdianas possam ter emprego e renda para construir as suas casas, constituir família e sustentá-la condignamente, distribui material de construção civil, deixa que roubem energia eléctrica, que nos roubem a nossa liberdade de livre circulação de pessoas e bens para que os filhos daqueles que vivem miserávelmente também possam ter ténis e roupas de marca. O governo em vez de criar condições económicas para que os que vivem com dificuldades possam ter esperança num futuro melhor para os seus descendentes vai aos poucos empobrecendo a classe média através de politicas populistas que só servem para ir mantendo o status quo e uma quantidade de benesses distribuidas entre alguns camaradas!
Surpreende-me a falta de ambição e de capacidade de indignação de quem vive, principalmente, na cidade da Praia, onde os cortes de energia têm sido cada vez mais regulares e a resposta que se vê, é o aparecimento de cada vez mais geradores de energia eléctrica que poluem o ambiente com fumo de gasóleo e o barulho das suas máquinas.
Aos poucos vai-nos sendo tirada a qualidade de vida que conseguimos conquistar com muito esforço desde a data da nossa independência para cá e vai-se hipotecando o futuro das gerações vindouras em nome da manutenção do poder por parte dos partidos politicos. Parece que nos recusamos a olhar para os exemplos que vêm de fora, de países europeus que atingiram niveis de endividamento público que se tonaram insustentáveis devido a más politicas económicas traçadas pelos partidos que se encontravam no poder e que está a ser pago pela classe média e por aqueles que vivem com maior dificuldade.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

MINDELO

Foi muito agradável para mim voltar a Mindelo após alguns anos de ausência. Foi assim de repente, após um fim-de-semana deprimente na capital. Mudei os meus planos de início de férias e rumei ao Mindel(act). Faltavam quatro dias para o encerramento do festival de teatro e lá estava eu na noite de Mindelo. O encontro com amigos que curiosamente vivem na capital e que estavam lá por causa do festival salvou a minha primeira noite em Mindelo. Estivemos nas varandas do Hilário e ouvi histórias do que terá sido a Galeria de Nho Djunga. Achei pena que a cidade não conseguisse capitalizar um momento tão alto de expressão cultural que se vem repetindo todos os anos desde o momento em que João Branco e a associação a que pertence deu início a esta epopeia do teatro em terras de S. Vicente. Ouvi estórias de caço-bodi nas ruas do centro de Mindelo, da falta de segurança e de dinheiro que feicha as pessoas em casa. reparei que a praça nova já não tem o mesmo movimento de outros tempos e que mesmo durante o festival de teatro internacional a noite acaba com o off no atrio do centro cultural do Mindelo, um magnifico edificio recuperado ainda nos tempos em que António Jorge Delgado era Ministro da Cultura. Nesse belo edifício existe também uma livraria que espero não ter o mesmo fim do que aquela que funcionava no Palácio da cultura, na cidade da Praia. Afinal, faz-nos mais falta, no centro da cidade e no edificio público que simboliza o acesso á cultura  e a promoção de eventos que visem promover a fruição cultural, uma livraria, do que um banco... ainda que seja da cultura! Este tipo de opções traduz, de certa forma, a impotância que damos ao acesso ao conhecimento em contraposição com o acesso ao dinheiro.
A noite seguinte foi fantástica... pude assistir a um dos momentos altos do Festival. POR UM PUNHADO DE TERRA era a peça escolhida para a noite no auditório do Centro Cultural do Mindelo. Terminou com o público em êxtase a aplaudir o actor deste monólogo tão efusivamente que teve que regressar por três vezes ao palco para agradecer a entusiástica ovação. Sala cheia, como aliás acontece sempre nas noites de Mindelact.
Mindelo, por estes tempos, é uma cidade que tem muito a oferecer, muito mais do que gente a procurar pelos seus encantos. Gostei de estar no Café Mindelo, na Bodeguita de Mindelo, no Vô, nas varandas do Hilário, no Tapas... numa noite sem alternativas, depois de um bom concerto de jazz ao vivo, ouvi jazz fusion num bar dito de streep-tease e acabei num baranga party a ver a praia da laginha por entre grades, qual ave de capoeira. Tive pena de não ter tido tempo suficiente para sentar e apreciar um bom vinho no Zero Point Art Galery... por vezes falta luz, mas não falta arte em Mindelo.
O Mindelact terminou com a leitura de uma mensagem escrita do Presidente da República, uma homenagem muito sentida a Enano, uma festa no pátio do CCM e uma cidade ás escuras onde as opções se encurtam e ficamos confinados aos habitáculos de dois carros em que alguns amigos resolveram fazer um tour pela noite de Mindelo. 
Tenho para mim que são as pessoas que fazem os lugares e S. Vicente continua a ter gente e lugares muito agradáveis. S. Vicente continua a ter gente que se indigna com a forma como foi entregue um espaço tão importante para a cidade como é a Marina de Mindelo a um estrangeiro (não tenho nada contra os estrangeiros que vivem em Cabo Verde nem sentimentos de xenofobia) e a forma como é gerida e fiscalizada essa estrutura de assistência a embarcações de recreio e yates de pequeno porte que passam por Mindelo, onde diz-se acontecer todo o tipo de negócios obscuros que vão desde o tráfego de drogas até á prostituição infanto-juvenil; Que se indigna com o descaso que o governo vem demonstrando ao longo dos últimos anos em relação ao problema do desemprego dos jovens que se reflete nos altos níveis de criminalidade e insegurança que assola a cidade; Na falta de energia que se vem adensando, provocando grandes prejuízos a quem já se debate com muitas dificuldades para ir sobrevivendo; Na forma como os emigrantes de regresso à terra têm que negociar com os funcionários das alfandegas para poderem retirar os pertences que trazem para retomar as suas vidas em Cabo Verde... mas, também, tem gente que gosta de Jazz, de pintura, de teatro, de boa conversa á volta de uma boa garrafa de vinho. Porém, o maior desafio que me parece terem que vencer os mindelenses é esse estado de letargia em que parecem ter caído que os impede de aproveitar as oportunidades de negócio a cidade lhes oferece.
Hoje, ausente do meu torrão natal em gozo de férias, oiço que o nosso primeiro ministro discursou em crioulo nas Nações Unidas e que a distribuição de àgua e energia eléctrica na capital continua a agravar-se! Parece-me que um dos grandes desafios de quem governa Cabo Verde neste momento é conseguir entender o que é prioritàrio para a melhoria das condições de vida dos cabo-verdianos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

SERENIDADE, PRECISA-SE!

Terminou a corrida ao palácio do Plateau e, o PAICV, depois da retumbante derrota sofrida, em vez de fechar para balanço, insiste nos saldos de fim de estação! Não reconhecer os erros cometidos durante estas últimas eleições, é insistir no equívoco e continuar a defender valores que em nada dignificam o exercício da cidadania e da política!
Porém, antes mesmo de se tentar corrigir o que andou mal, já começa-se a pensar numa vitória nas próximas eleições autarquicas e, nas legislativas e presidenciais de 2016?
Foi essa obsessão pela manutenção do poder a todo o custo, um pouco ao estilo de Maquiavel, onde os fins justificam os meios, que, em parte, levou o partido da estrela negra á derrota nestas eleições, onde o grande lider afirmava ninguém poder vencê-lo! Enganou-se! Venceu-lhe a vontade do povo que é quem tem sempre a última palavra nestas coisas de eleger os seus legítimos representantes. 
Ganhas que foram as eleições legislativas a 6 de Fevereiro, parece que o pessoal do PAICV, pelos menos uma das facções, embandeirou em arco e esqueceu-se que em democracia a alternância entre os partidos que lutam pelo poder não só é uma realidade incontestável, como saudável!
Eugénio Veiga, no seu melhor estilo, ainda em tempos de ressaca, já veio trazer recados aos insurgentes, apontando-lhes a porta de saída do partido! 
Esta é uma questão muito sensível que deveria ser tratada com muito cuidado dentro do PAICV para evitar uma derrocada maior ainda do que aquela que aconteceu neste pleito eleitoral e garantir a tão propalada "estabilidade" governamental. 
Depois de o país ter assistido incrédulo aos acontecimentos que deixaram muitas feridas abertas no partido que neste momento responde pela governação do país e o total envolvimento da máquina administrativa do Estado na campanha para tentar eleger o candidato escolhido oficialmente pelo PAICV para concorrer ao cargo de Magistrado Mor da Nação, o que se espera desse partido, é alguma contenção verbal e serenidade para governar o país que, em tempos de crise, parece ter estado cerca sete meses em campanhas eleitorais!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O PREÇO DA LIBERDADE

Em Cabo Verde ainda existem jovens que acreditam que a política é uma actividade Nobre que deve ser feita através do debate de ideias, do respeito pelo adversário (e não inimigo), através da apresentação de propostas políticas que garantam a todos os cabo-verdianos uma vida com o mínimo de dignidade, que promovam a meritocracia, em vez do seguidismo e do clientelismo, que garantam a liberdade de pensamento e o livre exercício da cidadania, em vez do insulto gratuito, da compra de consciência, da coerção física e psicológica. É nos valores defendidos por estes jovens que a sociedade deve depositar a sua confiança na construção de um Cabo Verde melhor onde sejam respeitados os Princípios estruturantes da Républica: o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, o Princípio da Igualdade, o Princípio da Liberdade e o Princípio da solidariedade!
O voto é a melhor arma para lutar contra as tendências para uma democracia totalitária. A Liberdade não tem preço porque é um bem tão precioso quanto a Vida!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

TEMPO DE BRUXAS

José Maria Neves, depois da afirmação incendiária feita no palanque da Vila Nova, em comício de campanha para as eleições presidenciais (sobre os motivos que terão levado ao assassinato de Cabral), vem agora, publicamente, justificar essa sua atitude extenporânea, dizendo que a sua intenção era a de chamar a atenção aos militantes do partido para os estragos que uma luta intestina pelo poder pode causar. 
Não obstante a reação histérica da ala apoiante de Aristides Lima, parece obvio que apesar de se entender a legitimidade de José Maria Neves em querer chamar à razão os seus camaradas desavindos, através de uma intervenção que chocou a estes  e à sociedade civil em geral, o momento e o lugar escolhido para proferir tais afirmações, ainda que tivessem unicamente esse propósito, não foram os melhores e, isso justifica as reações que temos vindo a presenciar um pouco por todo o lado.
José Maria Neves tem-nos surpreendido regularmente com este tipo de provocações tanto nas sua intervenções no parlamento, como nos seus discursos em tempo de campanhas eleitorais. 
Como primeiro ministro deste país deve ser respeitado pelo cargo que ainda exerce e pelo valioso contributo que deu para o desenvolvimento de Cabo Verde, não obstante as críticas que lhe podem ser apontadas nestes derradeiros anos. Por isso, deveria pautar-se por uma conduta mais ponderada a quando das suas intervenções públicas porque o que se tem visto é um discurso provocador que o coloca ao mesmo nível daqueles que o atacam, por vezes, de forma pouco adequada ao que seria normal, tendo em conta o seu estatuto de representante máximo do governo da républica.
Esta campanha para as eleições presidencias, infelizmente, tem sido marcada, acima de tudo, pela luta pelo poder dentro do PAICV, deixando o país totalmente desgovernado. 
Este posicionamento do nosso primeiro ministro pode até ser compreensível se levarmos em conta que a única forma de poder manter alguma "estabilidade" na governação do país, será colocando na presidência da républica alguém que possa garantir a continuidade das suas políticas de governação e que não ponha em causa os expediendes que visam unicamente garantir a manutenção do poder e a sustentabilidade económica através de impostos disfarçados de taxas que vêm diminuindo dia-a-dia o poder de compra dos cabo-verdianos que vão sustentando os luxos de uma administração pública cada vez mais gorda. 
Por outro lado, dentro do PAICV, Filú tem vindo a revelar-se como elemento fulcral na angariação de votos junto às bases, reconhecidamente, pelos meios pouco ortodoxos que utiliza para ir comprando a consciência dos mais vulneráveis e não só, de tal forma que o próprio José Maria Neves viu-se obrigado a conceder-lhe um lugar no actual governo tendo em vista as próximas corridas eleitorais, pensando assim poder mantê-lo sob o seu controlo. Porém, a candidatura de Aristides Lima às presidenciais, à revelia da decisão da direcção do partido em apoiar a candidatura de Manuel Inoçêncio, veio baralhar por completo as contas de José Maria Neves e trazer um novo espectro que vem tirando o sono e a tranquilidade ao grande lider e aos seus pares. 
Não é por acaso que Filú aparece como principal apoiante da candidatura de Aristides Lima, pois que, neste momento, tem muito mais a ganhar do que a perder com esta confrontação directa a José Maria Neves. Com esta manobra Filú está a posicionar-se claramente como o principal concorrente á sucessão de José Maria Neves na liderança do partido, contando para isso, não só com o apoio das bases, mas também com o auxílio das velhas raposas do partido que continuam ainda a ter ambições de poder.
Contráriamente ao que se tem propalado, parece-me que quem tem aproveitado as declarações feitas pelos apoiantes de Manuel Inocêncio para se colocar no papel de vítima, têm sido aqueles que suportam a candidatura de Aristides Lima, que vêm acusando José Maria Neves de ser responsável por todo o tipo de manobras para denegrir a imagem deste candidato e dos que o apoiam nestas lides presidenciais.
Esta não tem sido a campanha desejável para a eleição de um Presidente da Républica que represente todos os cabo-verdianos e seja o garante da constituição, principalmente, para as minorias, que por vezes não têm condições de tutelar os seus direitos fundamentais.
No plano da ética e do debate de ideias Jorge Carlos Fonseca tem demonstrado estar muito à frente dos restantes candidatos, não só pelas suas capacidades politicas, académicas e intelectuais, mas também, por concorrer apenas ao cargo de magistrado supremo da nação  e a sua candidatura não ter subjacente qualquer luta pela liderança do poder partidário. Aliás,não obstante o frenesi dos apoiantes de Lima, querendo demonstrar constantemente que o seu candidato é o que reune melhores atributos para ocupar o palácio do plateau e que inclusivé é desde já o candidato escolhido pela maioria dos cabo-verdianos, parece-me que os resultados do dia 7 de Agosto poderão vir a trazer algum amargo de boca para muito boa gente. Desde já, porque segundo me parece, excluindo o outsider Djack Monteiro, Manuel Inocêncio, apesar de ser dos três restantes candidatos o menos preparado para desmpenhar as funções para as quais neste momento concorre, é o candidato que provávelmente irá grangear a maioria dos votos nos centros rurais onde o factor obras públicas (estradas asfaltadas, barragens, acesso á energia electrica) poderá vir a ter um papel preponderante. Não obstante poder ter a vir que dividir alguns votos com Jorge Carlos Fonseca em algumas localidades, por este candidato ser apoiado pelo MPD, gozando por isso do auxílio das estruturas montadas regional e localmente por este movimento. De resto, Jorge Carlos Fonseca irá ainda concorrer a votos nos grandes centros urbanos e na diáspora, onde é mais conhecido e existe uma maior capacidade de avaliação das caracteristicas de cada um dos candidatos, especialmente, com Aristides Lima. De certa forma, a vantagem que tem sido apontada a Aristides Limas nas previsões feitas até então ajudam um bocado a corroborar esta ideia, uma vez que, estas são feitas, precipuamente, nos grandes centros urbanos.
Perante este quadro de incertezas, é natural que tanto os apoiantes de Aristides Lima quanto os de Manuel inocêncio, estejam inseguros, pelo simples facto que a vitória ou a derrota neste pleito eleitoral poderá significar também, o mesmo resultado nas próximas eleições para a liderança do partido da estrela negra. Portanto, esta guerra á margem das eleições presidenciais, ainda está para durar, sendo por isso, e pelo quadro económico e social que o país atravessa, pouco desejável que se venha a eleger qualquer um dos dois candidatos do PAICV (Manuel Inocêncio ou Aristides Lima) para o cargo de Magistrado Mor da Nação e guadião da constituição que, em caso de grave crise institucional terá que ter autoridade moral e política suficiente para dissolver o parlamento.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A MESMA MÚSICA

Hoje 27 de abril de 2011, o jornal A SEMANA na sua versão on line, noticia a morte de uma criança inocente, no bairro do Brasil, vítima de bala perdida. Esta criança de apenas dois anos de idade é só mais uma das vitimas mortais de balas disparadas por armas de fogo que estão na posse ilegal de jovens delinquentes que se confrontam quase diariamente nos bairros suburbanos da capital, de entre os quais, o Brasil começa a revelar-se como um dos mais perigosos. E, o curioso nisto tudo, é que esse bairro fica a poucos metros do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Embaixada de Portugal, do Palácio da Assembleia Nacional Popular (onde neste momento se discute o novo programa do governo)... ou seja, cada vez mais próximos daqueles que defendem a ideia de que estes males sociais são o reflexo do desenvolvimento económico do país e que por esse motivo não há como fugir a essa fatalidade. Porém, penso não ser excessivo chamar a atenção para o facto de, com isso, se estar a pôr em causa a segurança de todos e, principalmente, a pôr em perigo de lesão um bem superior, que é a vida.
Pelo que pude ouvir da sessão parlamentar acima referida, parece-me que o Governo e os deputados da situação, sentem-se tão confortáveis com a maioria absoluta que lhes foi concedida através do voto democrático que por vezes se escusam de dar explicações sobre como irá o governo atingir os objectivos projectados neste programa de governo, uma vez que, na maioria dos casos, não se apontam as tarefas (trabalhos com determinado prazo de execução) destinadas a fazer com que esses objectivos sejam alcançados. Há um constante recurso à comparação com o que foi feito nos anos noventa e assume-se que o programa ora apresentado não necessita de explicações mais aprofundadas porque o povo votou massivamente no partido que ora sustenta o governo e que com isso, aprovou tudo o que se fez na legislatura anterior e o que se irá fazer durante a aplicação deste programa de governo. Aliás, houve uma jovem deputada da situação que chegou mesmo a afirmar que este programa representa de certa forma a vontade das nossas gentes pois que foram chamados a dar o seu contributo na formação deste mesmo programa!
As ultimas eleições legislativas determinaram uma maioria que deve constituir o governo e as minorias que devem funcionar como fiscais dessa mesma governação. Portanto, a nosso ver, essa configuração parlamentar deve ser respeitada por todos e, acima de tudo, por aqueles em quem a maioria do povo cabo-verdiano votou para governar o país nos próximos cinco anos. Aliás, parece-me que seria de todo expectável que essa mesma maioria fizesse um esforço para explicar aos cabo-verdianos as questões colocadas pela oposição. Até porque seria uma forma de mostrar que este governo está realmente empenhado na melhoria das condições de vida de todos os cabo-verdianos.
um dos grandes desafios da democracia é, precisamente, o de as maiorias políticas eleitas pela vontade popular de forma democrática conseguirem respeitar os direitos das minorias.
Ora, com as notícias que nos chegam, parece-me que os direitos das minorias não estão a ser devidamente tuteladas e, portanto, urge repensar os valores que sustentam o nosso Estado de Direito Democrático.
A segurança de todos, deve ser garantida pelo Estado, bem assim como a justiça equitativa.
Antes de se pensar no "empoderamento" das famílias de que tanto se falou no novo programa do governo e que a mim me parece pura demagogia, é preciso pensar na segurança dessas famílias.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

TEMPO DE VACAS E IDEIAS MAGRAS

Depois do espectáculo montado à volta do black out provocado por uma avaria na Electra,no dia do frente-a-frente televisivo entre José Maria Neves e Carlos Veiga, durante a campanha para as eleições legislativas, parece-me redundante estar a falar na enorme falta de respeito em que se tem traduzido a postura do governo e dos gestores desta empresa pública, perante os clientes, os cidadãos e os eleitores. 
Não me parece que os cem dias de estado de graça que devem ser concedidos ao governo após a sua tomada de posse justifique tal atitude perante o que tem acontecido. Principalmente, se levar-mos em conta, o argumento então utilizado para acusar publicamente de sabotagem dois técnicos dessa mesma empresa.
Se por um lado até se torna compreensível o aumento do tarifário relativo ao consumo de energia, pelo crescente aumento do preço dos combustíveis, nem sempre bem explicados, já não se entende a preocupação do responsável máximo da Electra em vir publicamente informar aos consumidores e clientes, que isso não irá implicar a exigência da prestação de uma melhor qualidade de serviço, tanto em termos de qualidade como de quantidade. Ou seja este senhor vem confirmar que o problema dessa empresa não é um problema de tesouraria mas claramente de incompetência a vários níveis e de uma total despreocupação em conseguir assegurar aos seus clientes um serviço com o mínimo de qualidade.
Neste ambiente pós eleitoral de subida galopante de preços influenciados pela constante subida de combustíveis, não vemos de que forma a nossa economia poderá vir a recuperar do estado em que se encontra. Uma vez que, tendo cada vez menor poder de compra, a tendência vai ser no sentido das famílias passarem a gastar só o necessário para sobreviver à crise, fazendo com que as empresas tenham cada vez menos rendimentos e o Estado arrecade cada vez menos impostos. Para colmatar este quadro desde já preocupante, isso irá influenciar negativamente os números pouco auspiciosos de empregos disponíveis nos próximos tempos. o que poderá significar mais instabilidade nas famílias mais vulneráveis e provávelmente, mais insegurança social e aumento da criminalidade juvenil.
Seria bom que quem toma decisões políticas que vão afectar a vida de todos neste país, pudesse ter em linha de conta práticas que ajudassem a resolver problemas tão graves como o desemprego e a falta de renda das famílias para sustentarem e educarem os seus filhos, pois, estes são, a meu ver, os problemas que acabam por estar na génese da maior parte das perturbações sociais com que hoje em dia a nossa sociedade se debate.
infelizmente a realidade é cruel e faz questão de nos demonstrar que as pessoas não vivem de poesia. Se é certo que nem só do pão vive o Homem, porém, sem ele, não consegue sobreviver!

segunda-feira, 21 de março de 2011

QUEM NOS GOVERNA

21 de Março de 2011, o Presidente da Republica empossou o novo governo de José Maria Neves. O discurso parece-nos adequado ao momento que o mundo atravessa, porém, as escolhas, parecem ter sido feitas á medida das pessoas disponíveis para compor este novo governo e preparar o partido para os embates eleitorais que aí vêm.
Contudo, pelo facto de estar-mos a atravessar um momento de crise da economia e da política internacional, fica difícil de entender as opções tomadas que deixam de fora um Ministério para a Economia e colocam um agrónomo no Ministério da Economia Marítima! Mas, as surpresas não terminam aqui: temos ainda uma jurista, que passa ser a responsável pela pasta da saúde? 
Poderá de alguma forma ser esta a melhor opção para um sector tão sensível como a saúde? Eu, pessoalmente, não acredito. Apesar dos Ministros serem cargos de confiança política, parece-me importante que quem seja indigitado para estar á frente de um ministério, tenha valências técnicas suficientes para o tornarem competente na tomada de decisões respeitantes ás políticas emanadas por esse órgão do Estado.
Porém, devo dizer que, após ter visto os nomes indicados pelo jornal A NAÇÃO, para hipotéticos membros do próximo governo, parece-me que afinal, podia ter sido pior !!!

sexta-feira, 4 de março de 2011

LIÇŌES DE HISTÓRIA

Guiné Equatorial: Teodoro Obiang, no poder há 30 anos, recandidata-se a novo mandato
27 de Novembro de 2009, 08:15
Malabo, 27 Nov (Lusa) - O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, no poder desde 1979, recandidata-se nas presidenciais de domingo a um novo mandato de sete anos com a oposição a denunciar a existência de fraudes.

"Sou o candidato do povo e não vejo ninguém que possa ir contra a vontade do povo. Vamos ganhar com mais de 97 por cento dos votos", afirmou Obiang.

Nas eleições de 2002, Obiang, que chegou ao poder após um golpe de Estado, alcançou 97,1 por cento dos votos, de acordo com os resultados oficiais.

Às eleições de domingo concorrem quatro outros candidatos e 291 mil eleitores são chamados às urnas, num país onde a população ronda um milhão de pessoas, segundo as autoridades, 600 mil ou 750 mil, segundo organismos internacionais.

A Guiné Equatorial era nos primeiros tempos da presidência de Obiang um país sem grandes recursos, mas a descoberta de petróleo mudou as coisas nos anos 90. O país tem uma produção de 400 mil barris por dia e tornou-se o terceiro produtor subsaariano a seguir a Angola e à Nigéria.

Durante a campanha, Obiang apresentou-se como o representante da continuidade e apontou o trabalho realizado nos últimos anos graças ao petróleo.

No seu estilo habitual, muito nacionalista, criticou as multinacionais petrolíferas e prometeu fazer sair a Guiné Equatorial do subdesenvolvimento para atingir o estatuto de país emergente em 2020.

Placido Mico Abogo, candidato do principal partido da oposição, a Convergência para a Democracia Social, acusou o regime de ter "voltado ao sistema de partido único" e durante a campanha apontou o recurso à prisão, à tortura e à intimidação para calar os opositores, falando ainda numa "fraude eleitoral sistemática".

Para este cadidato, "o petróleo serviu apenas para reforçar o enriquecimento ilícito dos que ocupam o poder".

O relatório de 2009 da Transparency International colocou a Guiné Equatorial no 168º lugar num total de 180 países em matéria de corrupção.

Um diplomata colocado em Malabo sublinhou que "há uma forte mobilização e sobretudo uma liberdade de tom da oposição. Isso não era habitual. Placido Miko não hesita em atacar sobre vários assuntos num tom duro".

O mesmo diplomata disse que não observou irregularidades durante as eleições legislativas de 2008, mas um europeu que pediu anonimato afirmou que "a intimidação" e "o medo de perder o emprego" são de tal ordem que vários eleitores preferiram votar no partido de Obiang a sofrer represálias.

A organização não governamental Human Rights Watch pôs em dúvida a "credibilidade" das eleições, considerando que a ausência de um órgão "independente e imparcial" para vigiar o processo eleitoral permite desconfiar que a votação seja "livre e justa".

A Guiné Equatorial tem o estatuto de observador associado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Inforpress/Lusa/Fim

sábado, 26 de fevereiro de 2011

DIZ-ME COM QUEM ANDAS...

Mister Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial, voltou a visitar-nos por estes dias. Como se pôde ver, alguma da nossa comunicação social, fez questão de propalar as relações de cooperação que vêm sido desenvolvidas entre o nosso Estado e aquele, governado de forma despótica por esse senhor. Infelizmente, a historia vai-nos demostrando que a nível da política internacional, mesmo os Estados que se dizem democráticos e que receberam nas suas constituições normas da Declaração Universal dos Direitos do Homem, como as relativas ao Respeito pela Dignidade da Pessoa Humana, sempre as remeteram para segundo plano quando se tratou de previligiar as relações de cooperação económica. O exemplo mais gritante são as relações político-comerciais entre a China e os países do ocidente, entre os quais os EUA.
Até aí, nada de novo... afinal, como diria o poeta, a vida não pára! Contudo, parece-me importante não esquecer-mos que mantendo relações com alguns desses verdadeiros déspotas que vão-se enchendo de dinheiro enquanto o povo por eles governado vive na miséria, desrespeitando por completo as normas relativas a liberdades, direitos e garantias que integram os principios fundamentais consagrados na nossa constituição, estamos nós também, a contribuir para a preservação do status quo instalado nesses países e para a continuidade do sofrimento desses povos, aos quais nos referimos como sendo amigos da nação cabo-verdiana.
Se em termos politicos já me parece questionável este tipo de relações na esfera Internacional, pela total contradição com os nossos princípios fundamentais, no que diz respeito ao Direito Internacional torna-se evidente que há uma grave violação de normas relativas à protecção dos direitos humanos, ainda que de forma indirecta. De resto, não nos podemos esquecer que essas normas, são normas imperativas (ius cogens) de Direito Internacional Público que vinculam todos os Estados que fazem parte da comunidade internacional e não podem ser afastadas pela vontade dos sujeitos do direito international.
No entanto, para gaudio das Nacōes Civilizadas, os sinais que nos vão chegando da zona do magrebe, em África, e um pouco por todo o mundo, apontam em direcção contrária  a aquela em que certos políticos cá do burgo continuam a seguir.
Por esse motivo parece-me ser oportuno lembrar, principalmente a esse tipo de políticos, que segundo a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 "o fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem", que são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

PORQUE NÃO SE CALA?!?!?!

Afinal, ontem ficamos a saber, pela boca do presidente da câmara de S. Filipe, em declarações feitas para o telejornal da Televisão Pública que a distribuição de materiais de construção civil aos munícipes, pelos representantes municipais, é uma prática corriqueira que se estende mesmo ao período de campanhas eleitorais. Aliás, esse edil camarário faz uma interpretação sui generis das normas da lei eleitoral que proíbem a distribuição de donativos nessa época que diz serem inconstitucionais!
Será que alguém dentro do partido podia-lhe explicar que essas leis existem para evitar a tal compra de consciências (votos) que deturpam por completo o sentido de "República Democrática assente na vontade popular" consagrado na nossa Lei Fundamental?!?!?!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

UM POEMA DIFERENTE PARA O POVO DAS ILHAS

Depois de todos termos tomado conhecimento dos resultados finais respeitantes ás ultimas eleições legislativas, para além de se ter em atenção determinados factores que influenciaram claramente esses mesmos resultados, parece-me importante que os candidatos aos mais elevados cargos políticos deste país comecem a perceber que os jovens já não se deixam levar por discursos de paródia eleitoral nem fundados em promessas vãs de improvável concretização. É que apesar das várias criticas que se vem apontado ao nosso ensino superior, e das muitas limitações com que a maioria dos alunos chegam a essas instituições de ensino superior, a verdade é que não obstante a existência dessas e outras deficiências que devem ser cuidadosamente trabalhadas, não se pode ignorar que o nível de poder interpretativo dos discursos políticos entre os jovens terá melhorado considerávelmente.
Aí está portanto, a nosso ver, uma das grandes conquistas da ampliação espacial do acesso ao ensino superior em Cabo Verde: uma maior exigência em termos de qualidade, na elaboração dos discursos de campanha eleitoral, ainda que de momento, essa exigência seja apenas implícita e dedutível, através de uma leitura mais atenta do que foram os resultados do último pleito eleitoral.
É claro que o discurso virado para políticas de mandioca e alcatrão (parafraseando a Dra. Euridice Monteiro) ainda conseguem granjear um grande número de votos porque ligado á satisfação das necesidades mais básicas de uma população muito vulnerável em termos sociais. Porém, não nos parece ser despiciendo ter um discurso diferente para as camadas mais jovens, principalmente as residentes nos grandes centros urbanos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

QUO VADIS MPD !!!

O MPD volta a passar por convulsões internas após derrota nas eleições legislativas, o que para muitos comentadores da política nacional, já era de se esperar. Como causa desta nova agitação é apontado o artigo de Miguel Sousa, ex-deputado do movimento, ao qual foi dado eco pelo jornal "A SEMANA".
Com a derrota eleitoral era necessário alguma tranquilidade no interior do MPD para se tirar as necessárias ilações das escolhas que alguns dizem terem sido impostas, mas com as quais, a maioria concordou, como sendo a única hipotese do MPD poder concorrer em pé de igualdade com o PAICV, nas eleições que este partido acabou por vencer com uma maioria absoluta.
O artigo de Miguel Sousa, publicado no seu blogue, e propalado pelo jornal A SEMANA, precipitou a tomada de decisões que se queriam ponderadas, porque dizem respeito a todos os que militam neste partido e porque, no MPD, não devem continuar a imperar decisões que possam continuar a dividir os militantes e simpatizantes do movimento, sob pena de serem relegados por muito mais tempo à oposição.
Apesar da total falta de oportunidade do artigo trazido a público por Miguel Sousa, este militante do MPD aponta uma série de razões pelas quais o actual presidente do MPD deveria renunciar o cargo que ocupa, entre os quais, o facto da derrota do movimento nas últimas eleições estarem fortemente ligadas a decisões tomadas por Carlos Veiga, e que vieram interromper o processo de renovação do partido, excluindo militantes que nos últimos anos estiveram a batalhar para que o partido pudesse ter uma outra cara e outros resultados nas eleições ora perdidas, e incluindo nas listas de deputados pessoas que nunca estiveram de alguma forma ligadas ao MPD.
É verdade que após uma derrota eleitoral é muito mais fácil fazer criticas deste género e torna-se até, de certa forma questionável a legitimidade de alguém que esteve tão intimamente ligado a todo este processo que levou á derrota do MPD nas últimas legislativas, vir fazer tais declarações publicamente, em vez de fazê-lo nos espaços próprios para este tipo de discussões, dentro do partido. Por outro lado, isso demonstra uma clara necessidade do movimento abrir-se a este tipo de discussões, uma vez que não é a primeira vez que acontecem este tipo de coisas dentro do MPD e que acabam por coincidir com momentos tão críticos, como são os momentos de campanha eleitoral e este que o MPD vive, de mais uma derrota, que deveria ser de introspecção e de tomada de decisões que visassem a congregação de todos á Volta dos novos desafios que o movimento tem pela frente.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

GENTINHA !

Um dos problemas dos partidos políticos em Cabo Verde, é o facto de abrigarem no seu seio, um grupo de gentinha que pelo facto de estarem encostados ao poder e de lhes ter sido dadas determinadas oportunidades na vida, acham-se melhor do que os outros sem nunca terem abandonado a condição com a qual nasceram e cresceram. Essa gente, é a que faz os trabalhos sujos de que vivem os partidos políticos, na sua constante luta pela manutenção do poder e das benesses que lhe estão associadas. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

VOX POPULI !

O povo é soberano e deu mais uma vitória ao PAICV, relegando o MPD para a oposição. É tempo de fazer as tropas voltar ao quartel e fazer os respectivos balanços. Do PAICV esperamos a continuação de uma governação séria e que consiga corrigir o que não conseguiu fazer nestes dez anos de governação para melhorar a condição de vida dos cabo-verdianos.
Do MPD, que analise o que se passou de errado dentro do movimento, que exerça uma oposição séria no parlamento, contribuido assim, para que todos possamos ter um Cabo Verde melhor nos próximos 5 anos. Parece-nos que a interrupção da renovação do movimento acabou por não sortir o efeito que se pretendia e por isso há que tirar daí as lições necessárias.
PARABÉNS AO PAICV e que realmente, Cabo Verde e a nossa Democracia possam continuar a ganhar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O CULTO DO EU !

Pelo que me tem sido dado a perceber através dos recados enviados durante esta campanha eleitoral, muita gente irá votar num dos dois partidos com maior assento parlamentar como forma de preservar ou conquistar determinadas regalías pessoais ou familiares. Esta é a sociedade que temos, onde cada um se preocupa cada vez mais com o seu proprio umbigo. Depois ficamos espantados com a onda de insegurança que vem afectando a livre circulação de pessoas e bens que assola o país! É que essa gente que só pensa no seu bem-estar pago com o erário público e o sacrifício de todos ainda não conseguiu entender que só poderão viver tranquilos quando todos poderem usufruir de condições mínimas para viverem com alguma dignidade. Na hora de votar pensemos pois na sociedade que queremos construir e que pretendemos deixar para as gerações vindoras.Votar em consciência ė ajudar a construir uma sociedade melhor.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O PROMETIDO É DEVIDO!!!

Um dos grandes problemas de alguns dirigentes, militantes e simpatizantes do PAICV é o de Continuarem a pensar que o partido da estrela negra é a força luz e guia deste povo, não obstante a queda do artigo 4 da Constituição da Républica na sua revisão de 1990.
A partir dessa data, o povo de Cabo Verde passou a ter nas suas māos o seu próprio destino, podendo através do voto livre e secreto escolher os partidos que entenderem ter melhores propostas para a governação do país.
As propostas de cada partido devem ser feitas partindo desse prossuposto e dentro das possibilidades de cada um dos partidos vir a poder cumprir o prometido caso vença as eleiçōes.
Caso contrário, o mais óbvio a acontecer, é que quem não tenha cumprido com o prometido acabe por ser penalisado no pleito eleitoral seguinte.
Do contrato social celebrado entre os governantes e o povo resulta essa prerrogativa a favor das populaçōes, da qual muitas vezes os políticos se esquecem, após a conquista do poder!

sábado, 22 de janeiro de 2011

DIMÔ, DIMÔ, DIMÔ DIMÔKRASIA!!!

Não me parece ser correcto nem inocente o facto da nossa televisão pública estar a passar propaganda da Casa do Cidadão, logo após o tempo de antena do MPD. Situaçōes do género não dignificam, nem a instituição, nem a nossa Democracia!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

NÔS CABO VERDE DI SPÊRANSA!!!

Começa um novo ano e com ele novas espectativas, novas promessas, novas esparanças! Até porque, estamos em ano de eleiçōes e a campanha eleitoral há muito que começou.
O MPD lançou o "mote": MESTI MUDA!
O PAICV, por seu lado, respondeu: Cabo Verdi sa ta muda!
A bem da verdade, temos que reconhecer que Cabo Verde mudou muito em termos de criação de infrastructuras que Podem vir a ser muito úteis para o desenvolvimento do país. Contudo, o nivel de endividamento público alcançado nos últimos anos, sem se ter diminuído o desemprego, leva-nos a ser um bocado céticos em relaçāo às promessas de num futuro próximo, poder vir a fazer-se, o que não se fez, em quase dez anos de governação.
Para além das questōes demasiadamente repetidas, sobre a crescente falta de segurança nas principais cidades do país e da crise energética que se vem agravando neste fim de mandato, preocupa-nos o facto da nossa dívida orçamental, rondar neste momento, os treze porcento.
Dizem-nos os estudiosos na matéria que quando se ultrapassa a meta dos doze e meio porcento haverá forçosamente, a curto prazo, a necessidade de se aumentar os impostos.
Ora, seguindo essa linha de racicínio, somos obrigados a concluir que, Como o actual governo não foi capaz de criar, em termos de resultados práticos, políticas que podessem gerar mais emprego para os Cabo-verdianos, que se traduziria numa distribuição mais eficiente dos impostos a serem cobrados num futuro próximo, isso irá reflectir-se negativamente no nível de bem-estar dos que continuam a ter acesso ao emprego. Ou seja, mais uma vez, será a classe média a pagar as más decisōes tomadas pelos politicos.
É certo que vivemos uma democracia ainda muito incipiente que teve início a pouco mais de 20 anos e que por isso, ainda se sente nos dois maiores representantes grupos parlamentares, uma certa tendência para pensar que será possível estender a governação por mais do que dois ou três mandatos. Foi assim com o MPD e parece ser esse o sentimento que vai na alma dos militantes e simpatizantes do PAICV.
Não vale a pena estar a recorrer constantemente a períodos menos bons da nossa história para justificar o falhanço da aplicação de políticas governativas. É ponto assente que por mais que se pretenda, não voltaremos a 1991, nem muito menos a 1975!
A nosso ver, a alternância governativa, para além de reforçar a nossa jovem democracia, serve acima de tudo, para fazer correcçōes às politicas erradas ou que deram maus resultados, traçadas pelos partidos que se encontrem no governo.
Para além disso, é preciso acreditar que como alternativa ao actual governo, o MPD, neste momento, terá que ser forçosamente um partido melhor do que aquele que nos proporcionou um segundo mandato desastroso e que terá amadurecido as suas ideias nestes dez anos de oposiçāo, assim como aconteceu com o PAICV após a abertura ao multipartidarismo.
Em Democracia, quem deve decidir é o povo! E, acreditamos que pela maturidade já demonstrada em outras ocasiōes, ele decidirá por quem lhe dê garantias de poder melhorar a sua condição de vida. É necessário que os politicos entendam que, em termos de prioridades, terão que estar sempre em primeiro lugar, as pessoas.
É fundamental criar condiçōes para que todos possam viver com o minimo de dignidade, para podermos ultrapassar os Novos desafios que se nos apresentam como país independente, soberano e democrático.
Os nossos votos, sāo por isso, o de um PRÓSPERO ANO NOVO para todos os Cabo-verdianos!!

Ta Sumara Tempo

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Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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