quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ECO


Imagem: Sebastião Salgado





O A Semana on-line traz á estampa hoje, a notícia da aprovação de um pacote de seis novos projectos, nacionais e estrangeiros, estimado em cerca de quatrocentos milhões de euros para o sector da imobiliária.
Este é um sector onde se tem investido enormemente em Cabo Verde e obtido muito bons resultados em termos de facturação, das empresas que estão nesse ramo de negócio. Mas paralelamente a isso, vai-se degradando a condição social dos trabalhadores dessa obras - que são a mão-de-obra barata, explorada por essas empresas -, assim como dos locais onde se têm concentrado esses investimentos, porque o único propósito desses empresários, e pelos vistos também dos responsáveis dessas autarquias, e do próprio governo, é obter o maior lucro possível com esses negócios. Não percebem no entanto, que com essa conduta, estão a pôr em causa o futuro desse grande investimento.
A esse propósito, gostei especialmente da reacção da Teresa Brito, e por isso, deixo aqui, em jeito de eco, o texto da sua indignação:

Novo pacote de investimentos no turismo significa mais hotéis & resorts e resorts & hotéis? Ontem, nas notícias da RTP África, das 19h30m, vi uma peça referente à "ilha maravilhosa" que me deixou revoltada.A vila de Sal-Rei com aquele horrível aglomerado de barracas de papelão,albergando trabalhadores que constroem as grandes unidades hoteleiras para receber turistas internacionais? Como foi possível chegar a esse extremo? Queremos uma Boavista à semelhança do Haiti e de outros destinos apregoados onde o exotismo convive com o relaxismo? Seria bom que os autarcas, a população local e as grandes construtoras, pensassem urgentemente um plano para inverter a situação, pois num eventual cenário (CRUZ CREDO) de epidemia, as perdas podem ser avultadíssimas para todas as partes,mas principalmente para as construtoras. Nenhum turista no seu perfeito juízo quer regressar a paraísos infectados. Que tal uma atenção especial para o saneamento básico? E a construção de um bairro social para alojar esses trabalhadores, com uma renda económica. Se recebem um salário é mais que lógico e justo que paguem uma renda para uma habitação condigna. Segundo comentários de alguns investidores, o recurso à mão-de-obra de ilhas vizinhas bem como de gente oriunda de outras paragens tem a ver com o facto de os locais não quererem trabalhar. É caso para perguntar: onde está a dinâmica de trabalho que, outrora, projectou a Boavista para uma significativa prosperidade? Mais recente,na minha infãncia, lembro-me dos navios como Sal- Rei, Maria Tereza e outros que transportavam a famosa CAL, o seu SAL-REI, o bom carvão, a "tchacina", vasilhames de barro, o queijo divino e as tâmaras das "mil e uma noites", melancias, melões, para não falar das conservas de atum com sabor inigualável. Também não é por acaso que Germano Lima escreveu "Boavista: ILHA DOS CAPITÃES". Quem não conhece a Rua dos Capitães, onde moraram homens de grande valor como Ti Cuíno, Ti Plote, Nhô Xavier e Nhô Tatinho, grandes mestres do leme? Uma ilha que no século xix, aparece referenciada na rota dos baleeiros americanos como paragem para abastecimento de provisões. Por último, que dizer da sua Morna, sob o olhar cúmplice da Lua bonacheirona que nos transporta para momentos únicos de felicidade. A Boavista tem tudo para ser, não um paraíso, mas um precioso "oásis" de CABO VERDE. Basta QUERER...

MONTRA



Fotografia: Baluka Brazão


O centro da capital do país continua a produzir diariamente, cenas que demonstram claramente a incapacidade das autoridades municipais no sentido de se fazer respeitar os códigos de postura. O negócio informal que era exercido pelas rabidantes que justificavam essa sua postura com o facto de não conseguirem ter proventos suficientes em outros locais da cidade - e que tinham como mercadoria, legumes, peixe, carne e fruta -, passaram agora a todo o tipo de material que se possa negociar, aproveitando da melhor forma, a altura mais propícia para cada negócio. Nos dias que antecederam a abertura do novo ano lectivo, deparei-me com batalhão de vendedeiras, com os seus alguidares repletos de material que normalmente é vendido nas papelarias e, curiosamente, estavam posicionadas nos passeios que circundam uma das papelarias mais conhecidas do Platô, onde normalmente existem grandes filas de clientes nessa altura do ano. Esse quadro, apesar de um tanto ou quando surrealista, está a tornar-se normal e recorrente na cidade, mostrando a grande capacidade de sentido de oportunidade para o negócio, existente na mulher cabo-verdiana. Mas não são só elas que nos surpreendem, também os nossos irmãos do continente vêem-nos dando lições de como expor as suas mercadorias nas zonas mais atractivas desta área comercial da cidade. Até parece que existe um intercâmbio de experiência entre as duas partes que, de certa forma, vêem assim encontrada a formula para concorrer com as lojas chinesas que invadiram o Platô.
No entanto, este quadro, mostra claramente o grau de desorganização e falta de capacidade ou vontade para lidar com esta situação que vai arrastando e piorando com o passar do tempo.

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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