quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

DIA DI FESTA NA PLATÔ

Na dia 12 de Fevereiro foi fêtu na platô, na rua 5 de Julho, um filmagem - rodadu pa um grupo di cinema espanhol – ki ta fasi parti di um filme sobre kultura di Cabo Verde. Djuntadu alguns músiku, Dansarinos di Raiz di Polon, alguns elemento di Tabanka Tchada Grandi, e conjunto Ferro Gaita num camion (tipo Trio ilétriku), pa simboliza vários vertenti di nôs musika. Rua 5 de Julho foi fitxadu a trânsito di autumóvel, e filmagi , ki foi um verdadêru festa, kontisi ao longo di rua, ti porta di merkadu di Platô, undi guentis djunto ku rabidantis di merkadu, leba ês festa a si auje, na son di Ferro Gaita.

Kêl dia la,lembram tempo ki na dias di festa nacional e municipal, Tabanka ta subiba Praia sedu pal manhã, na sis alvorada, e tudo minis ta saiba ta korrêba trás di Tabanka, pa tudu bairro di cidadi. Na fim di tardi, sempri ta tinha um conjunto ta toka na koretu di Praça Grandi: si ka era Bulimundo, era Abel Djassi. Alguns bês, propi Tubarões, daba sês toki na na gurita di nôs Praça.

Pamodi kêl dia la foi um dia diferenti na cidadi, ki devia ser repetidu, e ki ta lebanu ta pensa ma rua 5 de Julho é um rua cheio di putencialidadi pa bira um rua só pa tranzitu di alguém, undi podia ser aproveitadu kasas ki tem na kêl rua pa desenvolvi negóciu ligadu a temas kultural, m sta bem partilha ku nhôs alguns foto di kêl dia di festa na cidadi.

Sima Kizó ta gostaba di flaba: nhôs fika drêtu.







Fotos e texto: Baluka Brazão

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

AMISTAD

O Amistad, replica não exacta da escuna de dois mastros La Amistad, construída no sec 19 e que se tornou no simbolo do movimento da abolição da escravatura nos EUA - Quando um grupo de escravos africanos cativos a bordo, se revoltou em julho de 1839 -, passou pelo porto da Praia.
Alguém terá notado nele?
foto: Baluka Brazão
Informações: Wikipedia

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

ECLIPSE LUNAR

Foto: Baluka Brazão


Princípio do eclipse lunar, visto em Marlborough, USA.

Aqui embaixo estava frio, um frio de rachar!
Mas lá nos Céus
onde os Deuses reposam,
A Terra teve que se meter entre o Sol e a Lua
E por instantes
Acalmar o fervor que deles se libertava
O brilho da lua foi-se extinguindo
até deixar apenas visível
A sua elegante silhueta
para depois então
retomar o processo da criação da luz.

Baluka Brazão


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Eco com cheiro a café

Desenho: Van Gogh
Uma só palavra, dizem, pode salvar-nos.
A sugestão é deixar doze, talvez para poder- mos ter a garantia de que nos salvamos mesmo!
Sol, viagem, melodia, onda, vela, poesia, vento, luar, olhar, sonho, sorriso, paixão.

REFILON

Refilon, traduzido para a nossa língua oficial, o português, significa: refilão, aquele que refila, atrevido.

Os Refilon, grupo de músicos formado essencialmente por jovens originários da ilha de São Vicente, residentes em Lisboa, lançaram em Dezembro de 2007, o seu primeiro CD, “Nôs Xtória”. Nessa mesma altura, foram também trazidos a público, os trabalhos de Mário Lúcio (Badiu), que teve um enorme eco de elogios - principalmente na blogosfera -, o novo disco do Zeca de Nha reinalda e ainda o Dokumento, do Zézé. Infelizmente, não tive oportunidade de ouvir todos, e mesmo o trabalho do Mário Lúcio, que foi o que destes três, o que me despertou maior curiosidade, só o ouvi a espaços, e sem a tranquilidade para poder apreciar os detalhes.

Talvez, o aparecimento destas obras todas ao mesmo tempo, tenha dispersado a tenção dos apreciadores e críticos da música tradicional de Cabo Verde, porque quase não ouvi falar deste que considero o projecto mais atrevido, do ano transacto. Essa minha avaliação baseia-se no facto de, este grupo ser formado na sua maioria por jovens de S. Vicente, onde a maior parte dos músicos, defende um conservadorismo anacrónico, para a forma de se tocar a música tradicional de Cabo verde. Um purismo que a meu ver, serve unicamente para manter o status quo.

Já tinha ouvido falar dos Refilon, e do trabalho que vinham encetando na fusão de ritmos tradicionais derivados do Kola Sandjon e da mazurka, com o Jazz. Mas até esta, não tinha tido a oportunidade de os ouvir em alguma das suas muitas actuações ao vivo, que aliás, diz-se ter sido o caminho percorrido para a gravação deste CD. E o resultado é francamente positivo.

Como o nome do grupo diz, estes jovens, foram suficientemente atrevidos, para criar algo diferente, no horizonte musical sanvicentino, e por consequência, cabo-verdiano. Este trabalho começa por ser agradavelmente interessante, na escolha do design gráfico da capa do disco, feito pela Sónia Catulo, que nos dá logo vontade de adquiri-lo e guardá-lo como objecto de colecção.

Os Refilon, apesar de se apresentarem como uma banda que desenvolve estilos musicais próprios, baseados na mazurka tocada na ilha de Santo Antão, e no rufar dos tambores das festas de S. João em S. Vicente, não se intimidam quando tocam um funaná – como é o caso do tema Nanafuna -, ou um batuko (Longe d bo), ambos cantados no crioulo de Santiago. Por isso quando se ouve este disco, ouve-se indiscutivelmente, música de Cabo Verde!

O trabalho destes jovens irreverentes, como o é: Mayra, Tcheka, princesito, Djinho, Mário Lúcio (sim maltas, Mário ku Djinho també ta fasi parte di kêl gerason la), e agora os Refilon, e mais um grupo de músicos que têm contribuído para esta viragem na música de Cabo Verde, onde coloco no topo Orlando Pantera e os ARKORA, merece ser devidamente reconhecido e divulgado.

A partir do momento em que tive a oportunidade de ouvir este disco, que me foi emprestado pelo Peri, Passou a figurar na minha lista dos melhores álbuns de música contemporânea cá da terra. Se Bem que para mim, toda a música com qualidade, torna-se intemporal e passa a pertencer a esta aldeia global em que se está a tornar o mundo. E, não vale o argumento que a voz do Djoy Abu-Raya, podia estar melhor sintonizada com a qualidade musical apresentada pelo grupo. Na verdade podia-se ter encontrado uma voz mais forte e mais melódica para o grupo, mas há que levar em conta que este é só o primeiro trabalho gravado por este grupo e que por isso têm uma enorme margem de progressão para os futuros trabalhos a publicar. De resto, segundo me foi dito, o Djoy joga um papel importantíssimo neste grupo, juntamente com o outro guitarrista e compositor, o Danilo Silva. Para além de ser um dos fundadores da banda, o Djoy-Aburaya é quem dirige o grupo e ainda o compositor da maior parte das músicas que compõe este CD. Os temas são actuais e nota-se maturidade na forma como aborda a questão da saudade, e a dicotomia sempre presente na vida do cabo-verdiano, chuva/seca. Aliás o tema 7 deste trabalho, Seca Tchuva - que eles cantam tchuba -, espelha precisamente isso: a eterna mensagem que diz que o nosso chão é fértil, mas que a maior parte das chuvas que caem no arquipélago, derrama-se sobre o oceano.

Uma presença muito importante neste disco é a do violinista brasileiro Luiz Moreto, professor de música, formado na universidade estadual de Santa Catarina, no Brasil. Pode-se mesmo dizer-se que, o son do seu violino é a pedra de toque deste disco. Talvez por o ritmo da mazurka, estar muito presente neste trabalho.

Outro músico que deixa a sua assinatura de qualidade nesta obra é o baterista português Rui Alves, que pelo curriculum que se nos apresenta, e pela experiência adquirida com músicos de cabo verde como Tito Paris, o resultado não podia ser melhor.

Mas, os Refilon, acima de tudo, valem pelo projecto, pelo todo; pelo belíssimo trabalho apresentado em Nôs Xtória. Por isso, todos os elementos deste grupo, passando por Zé Mário, que fez a precursão e coros; por Danilo silva, na guitarra e Voz; pelo Mário Coronel, no baixo e coros; e os outros músicos que compões esta Banda, e de quem já falei. Todos, sem excepção, devem estar muito orgulhosos pelo resultado obtido com este álbum.

Preservar a música tradicional cabo-verdiana, passa por tocá-la de forma que os jovens a oiçam e se interessem por ela. São projectos como este, traduzido em CD, que podem ajudar esse desiderato.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

É PRECISO ACREDITAR


Amanhã, dia 17, o grupo de teatro do Centro Cultural Português do Mindelo faz quinze anos!

Foi preciso muita força de vontade, muita entrega, muito querer, e, acima de tudo, foi preciso acreditar que é possível fazer teatro de boa qualidade em Cabo Verde, para se chegar até aqui, com os bons resultados que se conhecem. Que possam continuar a acreditar por muitos e muitos anos. Cabo Verde agradece a vossa generosidade!

PARABÉNS João Branco pela Obra feita! E parabéns a todos quantos aceitaram o desafio.

PS : É Pena que essa vontade não se tenha alastrado pelas outras ilhas do arquipélago!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

EDUCAR COM BONS EXEMPLOS

Foto: Baluka Brazão

No nº320 do jornal expresso das ilhas, foram dadas a estampa duas notícias que se complementam e, ao mesmo tempo, nos deixam preocupados com o rumo que se está a dar á educação dos jovens desta cidade.

Tornou-se hábito, confrontarem-nos com notícias de violência juvenil – com recurso a armas brancas e de fogo -, dentro e nos arredores dos estabelecimentos do ensino secundário, assim como em alguns bairros cá do burgo. Na edição de 23 de Janeiro de 2008, vem a notícia de mais um aluno baleado por um adolescente, pertencente a uma Gang Juvenil, que invadiu o recinto de recreio do Liceu Pedro Gomes, com o intuito de fazer um ajuste de contas, com o aluno então baleado numa perna.

É impressionante, a facilidade com que menores que deviam estar a ser educados para serem futuros homens e cidadãos que pudessem contribuir para o desenvolvimento deste país, têm fácil acesso a armas de fogo e organizam-se em gangs, desafiando todo o tipo de autoridade que possa exercer-se sobre eles.

Infelizmente, por razões várias, que vão desde a displicência por parte dos pais em assumir o seu papel de educadores – acompanhando e dando bons exemplos, e estimulando o crescimento e a formação de um individuo são, mas que deve ser repreendido sempre que se verificar essa necessidade -, e passa ainda pelos professores, e políticos que se lembram de ir construindo mais e mais escolas, mas que se esquecem de criar políticas equilibradas pare o ensino, os resultados que se nos apresentam, são estes que vivenciamos no dia-a-dia.

Se nos primeiros anos após a independência se justificava que fossem absorvidas todas as bolsas de estudo que nos eram concedidas sem a preocupação de equilibrar o nº de quadros superiores segundo as necessidades – devido à quase inexistência de quadros para todas as áreas -, passado que foram os primeiros dez anos, justificava-se o princípio de uma planificação, em termos de distribuição de bolsas para formação superior ou média, conforme os espaços com maior necessidade, e ainda, a criação de escolas profissionais. A repercussão da falha dessas políticas para a educação, traduz-se no presente, no excesso de quadros superiores para determinados sectores e a quase inexistência de gente com formação média e profissional para a demanda actual! A nível da construção civil e da hotelaria e turismo – dois sectores com elevado índice de crescimento no país -, essa falha é gritante.

Perante o quadro de violência juvenil actual, esse quadro parece até pouco relevante. Mas, como reverter essa situação, se os pais, principais responsáveis pela educação dos filhos, há muito que abdicaram das suas responsabilidades de educadores e exemplo de como viver em família e em consonância com as regras sociais?

O figurino que nos é apresentado com as denúncias feitas pelos professores do Liceu do Palmarejo, em vez de nos trazer alguma tranquilidade, vêm exacerbar ainda mais as nossas preocupações. Porque a ser verdade, o modelo que está a ser passado aos próprios filhos - por professores com responsabilidades acrescidas pelos cargos de direcção que exercem -, é o de que estão imunes a qualquer responsabilização por actos menos correctos que possam cometer, assim como a qualquer castigo disciplinar que possa advir desse comportamento, porque o pai ou a mãe, ocupa um lugar privilegiado nessa instituição de ensino. E nem precisam esforçar-se para passar de ano, porque quando for preciso, eles darão um jeito para que isso aconteça, mesmo sabendo que o filho ou o filho de algum amigo, não trabalhou o suficiente para atingir esse objectivo. É este o tipo de educação que se está a dar às nossas crianças e jovens adolescentes!

A contrastar com estas notícias, aconteceu, nos dias em que festejávamos o Natal e a passagem de ano, encontrar-me com a minha professora de história dos tempos do liceu, quando passava em frente à minha casa, numa das suas caminhadas habituais. Ao cumprimentá-la, paramos a conversar sobre o rumo que a nossa cidade está a tomar a nível da educação ambiental, em comparação com o que se está fazendo para minimizar o impacto da poluição nos países desenvolvidos e com maior capacidade de reciclar o lixo que produzem. Exemplo disso, são os inúmeros sacos de plásticos de todas as cores que se nos apresentam, pendurados nas arvores e arbustos quais verdadeiras arvores de natal do mundo subdesenvolvido, na estrada que liga a Praia á Cidade Velha. Ou ainda, a quantidade de garrafas de vidro e plástico, espalhadas um pouco por toda a cidade, em plena via publica.

No meio das críticas que ambos tecíamos, apontou-me um exemplo positivo do que se tem feito a nível da reciclagem em algumas escolas do ensino secundário, e fez questão de ir mostrar-me a bela árvore de natal de quase 15 metros, feita totalmente com material reciclado dos restos da relva que se tem usado para dar um ar mais verde e macio aos campos de futebol da capital. Parados em frente à obra feita pelos alunos do Liceu Pedro Gomes, acabamos por cair na tentação de comparar esta bonita árvore feita de material reciclado, com a que nos foi presenteada pelo nosso edil camarário – que se diz ter custado cerca de 6 mil contos; isto sem contar com o dinheiro gasto para pagar a energia para mantê-la iluminada -, nessa mesma ocasião, conhecendo as carências sociais graves que assolam a nossa cidade. Em jeito de conclusão, com um certo orgulho estampado no rosto, disse-me que este exemplo dado pelos alunos do Pedro Gomes é um bom modelo a seguir, e que no meio de tanta notícia ruim que se tem trazido a publico sobre esse mesmo liceu este merecia ser vastamente divulgado.

Para este ano, sugiro que aproveitem as bolsas de plástico coloridas que são levadas com compras e depois espalhadas pelo vento, para fazer bolas de várias cores, para enfeitar a árvore de natal e ajudar a reciclar o lixo que se produz “conscientemente”, nesta cidade.


Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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