sábado, 2 de março de 2013

UMA ODE AO MEU AMIGO ABRAÃO VICENTE

Abraão, meu amigo, escrevo estas linhas para te dizer apenas que gostei muito do teu último texto " O país e o tempo". É pá, gostei mesmo do teu texto... e gostei porque conseguiste pôr o dedo na ferida que aos poucos vai consumindo os valores que outrora nortearam esta sociedade, porque a ambição de cada um dos jovens desta pátria que os pariu é tornar-se num desses novos burguezinhos que se alimentam do trabalho esforçado do povo sofrido destas ilhas atlânticas. É verdade Abraão, gostei mesmo do teu texto, porque esse silêncio que te atormenta, assemelha-se ao silêncio do voo perfeito da ave predadora que sem que a sua vítima se dê conta se apodera do seu destino para saciar a sua fome. É verdade Abraão, gostei mesmo do teu texto, porque de nada nos serve ter um conjunto de valores axiológicos consagrados na nossa constituição, se os próprios políticos, esses tipos que governam este país, olham para ela como se de um amontoado de papéis e palavras sem significado nenhum se tratasse. Abraão meu amigo, não te apoquentes com essas coisas, lembra-te das palavras de Maquiavel e talvez assim, entendas que a política, é feita de pequenos príncipes. Por isso mesmo, meu amigo, poucos são aqueles com nobreza de carácter que conseguem sobreviver nesse meio... mas na verdade Abraão, o que eu queria te dizer, era apenas que gostei muito do teu último texto porque conseguiste dizer o que muitos de nós gostaríamos de dizer, mas como vivemos numa sociedade onde se promove o canalha em detrimento daquele que adquiriu competências através da experiência e do trabalho esforçado, cala-mo-nos, para não sermos prejudicados, e porque talvez assim, um dia, num mero golpe de sorte, consigamos, também nós, alcançar um desses lugares que por ora pertencem aos pequenos príncipes do sistema. É assim Abraão a vida real... que se lixe a solidariedade e a dignidade da pessoa humana... se todos nós temos direito a ter uma vida digna, então, primeiro, deixa-me alcançar a dignidade que julgo merecer e depois falamos dos outros... desses que sempre foram pobres e que agora querem ter também o direito de viver como se fossem gente! Lembra-te Abraão, que aqui, ao bom estilo orweliano, há sempre uns que são mais iguais do que os outros! É pá Abraão, espero que não leves a mal todo este parlapiê, porque na verdade, o que eu queria dizer-te, meu amigo, é que gostei muito do teu último texto, tanto, que não poderia ficar sem te dizer o quanto apreciei este teu texto!

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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