terça-feira, 24 de novembro de 2009

TRADUÇÃO DE DISCURSOS EM VOTOS

Uma das coisas que fiz durante o fim de semana passado foi ler a entrevista da Ministra das Finanças. Pareceu-me coerente e bem estruturada, como aliás é apanágio da pessoa em causa. A leitura ajudou-me a dissipar algumas dúvidas sobre as políticas do Governo, no sentido de resolver problemas crónicos que vêem afectando, negativamente, a vida das famílias e das empresas cabo-verdianas, por tempo demasiado longo, como têm sido os problemas relacionados com o fornecimento da energia electrica e da água. Ficou-me a impressão de que se está a dar passos firmes visando a resolução desses e outros problemas estruturantes, fundamentais para a continuidade do desenvolvimento conseguido até aqui.
Não obstante essa minha leitura, não posso no entanto deixar de reiterar a ideia já antes expendida, de que os investimentos feitos até então e os que virão a ser feitos no que resta desta legislatura, só terão sentido se as famílias e as empresas nacionais perceberem-nas como uma melhoria do seu bem estar.
Nestes últimos anos, o que se tem assistido, é o sentimento de as coisas estarem a caminhar no sentido oposto ao pretendido pelo governo, ainda que o discurso da Sra. Ministra nos aponte na direcção de uma clara melhoria da condição de vida dos cabo-verdianos. Contudo, a assunção de um discurso fácil no sentido da liberalização do mercado, por parte da oposição, numa altura em que ainda se vive os efeitos da crise económica, pode ser perigoso, uma vez que, todos temos ainda bem presente quais as causas que despoletaram esta que é a maior crise vivenciada pela humanidade desde o fim da segunda guerra mundial. Não podemos ignorar que esta mesma crise, levou a que países que são apontados como o simbolo paradigmático das sociedades de mercado, como é o caso dos EUA, fossem obrigados a sujeitar-se a uma forte intervenção do Estado em sectores importantes da industria, da área bancária e da imobiliária, como forma de recuperar a economia desse país que acabou por afectar a economia a nível mundial.
Para um país com fragilidades económicas como as que existem em Cabo Verde, será fundamental que haja uma regulação forte de sectores importantes para a sociedade que vão além das que devem ser as principais atribuições do Estado, como a saúde, a segurança, a educação e o bem estar social, esta última, fortemente ligada às políticas económicas traçadas pelo governo para que a saída da crise internacional não nos mergulhe numa grande crise nacional.
O que acontece, porém, é que a meu ver, geralmente, o sentido do voto, acaba por ser a tradução prática do sentimento popular no que diz respeito à forma como as políticas implementadas pelo governo afectam positiva ou negativamente o seu bem estar no imediato e raramente numa prespectiva de uma melhoria a médio ou a longo prazo. Como tal, parece cada vez mais evidente que o governo supotado pelo PAICV, apesar de ter muita obra feita, terá ainda que conseguir convencer o eleitorado que há uma forte prespectiva da melhoria de condição de vida dos cabo-verdianos resultante dessas políticas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

PIM,PAM,PUM...


Pim, Pam, Pum, cada bola mata um… estamos cercados, pela Dengue, Gripe A e Paludismo. Baixaram os números de vítimas da dengue mas não podemos estar tranquilos, por momentos esquecemo-nos da gripe A que tinha começado a atacar antes da dengue e que poderá fazer mais vítimas agora que o tempo começa a arrefecer. O paludismo, parece um mal menor perante a gravidade da situação da nossa saúde pública.
Não é, como bem se sabe. Basta olhar para os números de vítimas mortais que rondam os 3 milhões de pessoas anualmente, sendo que, um milhão dessas vítimas são crianças com menos de cinco anos de idade para entendermos a gravidade da questão.
Como não podia deixar de ser, o continente africano é o mais afectado por essa doença, atingido pelos 90% dos casos conhecidos. Ou seja, nós que por vezes temos alguma dificuldade em situar-nos geográfica e politicamente, podemos passar a fazer, cada vez mais, parte dessa estatística. Aliás, esta será mais uma razão para deixarmos de ser tão passivos com relação à imigração de pessoas oriundas do continente.
Com a epidemia da dengue, que nos apanhou de surpresa, por incúria, soou o alarme, e começou o apontar de dedos em todas as direcções. No entanto, responsabilizar este ou aquele órgão estatal, ou municipal, não vai resolver, nem este, nem os outros problemas que poderão vir a surgir se o susto permanente em que vivemos, por estes dias, não nos levar a uma mudança de atitude, tornando-nos mais pró-activos com relação a questões tão importantes como sendo a salubridade do meio comunitário em que vivemos e a prevenção de doenças epidémicas. Não nos podemos esquecer que na cidade da Praia, o maior centro habitacional do país, apenas cerca de 12% da população tem ligação ao sistema de esgotos da cidade (segundo dados publicados pela ONU) e que cerca de 70% não tem água canalizada.
Pim, Pam, Pum, cada bala mata um!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

INCÚRIA


Pronto gerou-se o pânico geral. Estamos todos assustados e somos todos culpados. Principalmente por vivermos voltados para os nossos próprios umbigos. Só nos interessa o que nos diz respeito directamente, o que possa influenciar o nosso bem-estar imediatamente. E aí é que está, estamos em pânico porque o combate a esta epidemia que começou por ser chamada de Sai Bu Kudin, Djam Bem e agora chama-se Dengue, com alguns casos da variante hemorrágica, extremamente letal, depende essencialmente da nossa capacidade de funcionar como uma comunidade, como um todo, algo a que não estamos habituados. E agora, o que vamos fazer? Essa é a pergunta que deve estar a passar pela cabeça de todos. Vamos culpar o governo, o presidente da câmara, as nossas populações que vivem em condições miseráveis, os nossos vizinhos, vamos fechar-nos em casa ou vamos agir e contribuir para inverter a situação em que nos encontramos e que já é dramática. Quem são os culpados e aonde está a solução? Está em todos e em cada um de nós. É preciso uma mudança de atitude urgente na nossa forma de estar e de viver em comunidade. Temos que aprender a ser cidadãos, sujeitos de direitos e obrigações preocupados com o bem-estar de toda a comunidade e acima de tudo com a preservação desta.
Os políticos são culpados por não fazer o que deviam, quando deviam… nós somos culpados por incúria.

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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