domingo, 8 de junho de 2008

TEMPOS de CRISE

Em tempos de crise, como a que o mundo atravessa, em que a própria ONU começa a ficar preocupada com a situação do aumento acentuado dos preços dos alimentos - numa fase em que a cotação do petróleo contínua em alta -, e alguns governos começam a propor acções para ajudar a amenizar este cenário de escassez de alimentos, é obvio que, torna-se completamente inoportuno, a aplicação de uma taxa sobre a compra de combustíveis, como forma de garantir, a manutenção das estradas, que vêm sendo construídas. E, se levarmos em consideração, um estudo feito em Portugal, que foi publicado na revista Visão, sobre a poluição do meio ambiente provocada pelos automóveis - que nos diz que os veículos 4x4, poluem quase duas vezes mais que um automóvel normal -, é caso para concluirmos que, em Cabo Verde, o Estado, e a sua frota de luxo, contribuem grandemente para o consumo exagerado de combustíveis e para a conspurcação do nosso meio ambiente. E o pior, é que quem sustenta tudo isso, somos nós! Todos nós somos responsabilizados pelas tomadas de decisões dos senhores governantes que, cada vez mais se vão esquecendo de perguntar, quais as obras prioritárias para o cidadão e quais iriam resultar em alguma melhoria, nas condições de vida das populações. Parece que, a principal preocupação de quem se apodera de um lugar de responsabilidade política no governo, é, requisitar um bom modelo 4x4, que possa dar alguma sustentabilidade social, ao seu novo status.

Ora, se para quem governa o país, ter uma boa máquina sustentada com erário público, é fundamental, é lógico que, construir boas estradas, se torna primordial! É claro que sempre se pode usar o tal argumento que, essas estradas vão ajudar a desencalhar as povoações mais remotas e travar o êxodo rural. Mas a justificação apresentada para a aplicação de uma taxa desta natureza, num momento particularmente difícil para todos, não lembra o Diabo. É que sempre foi necessário fazer-se a manutenção das estradas que já existiam, e essa necessidade não aparece com o alcatroamento dessas vias que se diz, de desenvolvimento. O problema não está na criação desta nova taxa, mas sim, na oportunidade e na forma como foi criada. Tanto é que, a título de exemplo, torna-se completamente descabido, obrigar os pescadores que utilizam a gasolina para alimentar os motores de popa dos sues botes, a pagar mais 7 escudos, por cada litro de gasolina que compram, porque se tem que garantir a manutenção das novas estradas construídas pelo governo.

Como a maior parte da população que irá sofrer directamente com mais esta taxa é urbana, acredito que seria mais justo e mais proveitoso, criar uma taxa de ligação ao sistema de esgotos e de acesso á agua canalizada, e avançar com projectos para esse efeito. Mas os políticos continuam a preferir o “penso logo existo” de Descartes, em vez do “sinto logo existo” de António Damásio.

Texto e foto: Baluka Brazão

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

Arquivo do blogue