sábado, 29 de março de 2008

TIBETE!




As agressões continuadas aos Monges do Tibete por parte do governo chinês, têm gerado uma série de protestos a nível internacional, sendo o mais relevante, a probabilidade da França vir a boicotar os jogos olímpicos que irão realizar-se na China, se o governo Chinês não der passos concretos, no sentido de demonstrar a sua vontade em resolver a questão do Tibete, através do diálogo político.

Do Brasil, chegou-me uma mensagem do meu amigo Francisco Weyl (o carpinteiro da poesia), juntamente com algumas fotos que representam um acto político levado a cabo pelos artistas do Corredor Polonês, em solidariedade para com o povo tibetano.

Vejam e divulguem.

Baluka Brazão

Uma cena historica aconteceu ontem a Casa da Linguagem em Belém do Pará. Durante a programação da Oficina Antropologia da Imagem, à noite,

em meio á projeções das obras "Salamandra" e "Meta_fora", do Coletivo de Cinema Pobre de Cabo Verde,

artistas do CORREDOR POLONÊS - Projeto Bonde Andando realizaram uma intervenção política

em solidariedade ao povo tibetano.

Vestidos com trajes tibetanos,Fernando Pádua, Francisco Weyl e Krom rasparam a cabeça,

enquanto faziam discursos pela paz mundial.

Esta cerimônia foi filmada e um documentário está a ser montado,

para ser posteriormente disponibilizado através da Internet, assim como estas fotos, as quais solitiamos que nos ajudem a re-passar, aos seus amigos, listas de contatos, e grupos de discussões.

Raspar a cabeça todo mundo raspa.

Para alguns é mesmo moda.

Mas quando nós nos re-significamos um ato,

alcançamos uma ampla dimensão, artística e social.

Francisco Weyl

quinta-feira, 27 de março de 2008

KATCHÁS!


Nôs onti
Ê um oxi
Ki inda ka manxi li
Nu djunta mon pa céu
Nu papia di kumpanhero


In memoriam katcház -

27/3/1987- 27/3/2007


-- Mito Elias

DIA DA MULHER KABOVERDIANA

27 de Março, é o dia da Mulher cabo-verdiana. Por coincidência, é também o dia que marca o aparecimento da pílula mágica azul, o viagra, que faz hoje dez anos!

Cabo Verde, continua a ter índices altos de violência familiar, na maior parte dos casos, exercida pelo marido sobre a mulher e os filhos. Muitos desses casos estão directamente ligados ao consumo de bebidas alcoólicas que continua a ser um dos grandes problemas da saúde pública nacional. É sabido também - porque provado cientificamente -, que o consumo continuado de álcool, pode provocar impotência sexual. Não sei qual a influência que isso poderá ter nos índices de consumo do viagra e no aumento de casos de morte por ataque cardíaco a nível nacional. Mas, há uma pergunta que gostaria de vos deixar, para reflexão : Alguns homens cabo-verdianos tornam-se agressivos devido ao consumo excessivo de álcool que os torna insanos, ou porque, quando chegam a casa completamente bêbados, sentem-se frustrados por não conseguirem ter uma erecção normal?

Foto: Baluka Brazão

quarta-feira, 26 de março de 2008

FOTO DO ANO


A imagem do britanico Tim Hetherington foi eleita foto do ano, pelo júri do 51º World Press Photo. Esta foto foi realizada em Setembro de 2007 por ocasião de uma reportagem para a revista americana Vanity Fair. A fotografia mostra um soldado americano a descansar num bunker do Afeganistão, com um ar completamente desolado.

Segundo o presidente do júri, Gary Knight, “com esta escolha foi rendida homenagem à fotografia tradicional e contemporânea, no que a fotografia tem de melhor”. Disse ainda ser esta, uma fotografia sofisticada, de grande sentido de humanidade e de grande inteligência, que representa todos os problemas do homem actual.

fonte: revista PHOTO

Os Blogs vêm-se afirmando como veículos de opinião livre. Na Birmânia, onde quem controla a informação é o exército, obrigando os jornais a publicar só o que estiver autorizado pelo poder político (governo), a bloger Nay Phone Latt, foi presa, no princípio deste ano, no dia 29 de Janeiro, por não ter respeitado essa obrigação. Nay Phone está reclusa na prisão d’Insein (perto de Rangoon), juntamente com o jornalista U Win Tin. Essa Prisão é reservada aos condenados á morte e conhecida pela sua insalubridade. Nay Phone devia ter sido julgada a 6 de Março mas até agora não existem notícias de tal ter acontecido.

Mais informações em: www.bma-online.org

sábado, 22 de março de 2008

180 Grau


Abraão Vicente começou um novo programa televisivo na TCV, onde, um bocado ao seu estilo, se pretende dar uma nova visão, sobre a forma como é trabalhada e apresentada a notícia nos nossos semanários. Vi os dois primeiros programas e a impressão com que fiquei, foi que apesar de se colocar questões pertinentes, nem sempre há tempo suficiente para debater essas mesmas questões, ficando muito por dizer. Por outro lado, nota-se também que os comentadores sentem-se pouco à vontade para abordar questões em que os comentários possam ser conotados com um posicionamento político-partidário. No entanto é de se louvar este tipo de iniciativa, porque pode ajudar a trazer uma nova postura para os nossos jornalistas.

No último programa despertou-me especial atenção a questão da carta aberta dos trabalhadores da TACV e, confesso que esperava um debate mais profundo sobre este assunto que tem sido muito mal explicado, tanto interna como externamente. Aliás, a meu ver, o que tem falhado neste processo de reformas na TACV, é a forma como têm sido implementadas as directivas que são emanadas a partir da Direcção geral desta empresa. Não entendi ainda qual tem sido o papel das chefias intermédias da companhia neste processo, visto que, o que se tem assistido, é um despir de responsabilidades, em toda a primeira fase de reformas da TACV: foram despedidos quase uma centena de trabalhadores e, para além de se ter conduzido esse processo de forma desastrosa - colocando os trabalhadores perante o facto consumado -, ninguém sabe quem elaborou as listas dos empregados despedidos porque, quem o devia assumir não o faz. E, agora que me parece estar a começar a segunda fase dessa que reforma, tenho a sensação que muita da contestação que existe internamente, acontece porque, muita gente que sempre se sentiu confortável dentro da empresa pelos cargos que sempre ocupou - muitas vezes sem ter competência para tal – começa a ver sendo posto em causa o seu lugar – leia-se status -, e as regalias que sempre obteve na sua vida profissional.

Parece-me ser necessário fazer entender aos trabalhadores da TACV que, mesmo não gostando das medidas que se vem implementando, a sua obrigação, é dar o seu melhor para fazer com que a empresa melhore a sua prestação. Porque só assim, poderão continuar a lutar pela defesa dos seus direitos e interesses, dentro e fora da empresa, quando necessário. É necessário dar uma volta de 180 graus na mentalidade e na atitude da maioria dos trabalhadores desta empresa, para que entendam que nesta fase crítica que a TACV atravessa, é importante colocar a companhia á frente dos interesses pessoais.

Baluka Brazão

sexta-feira, 21 de março de 2008

GERRA ÀS ACÁCIAS!

E assim, de repente, resolveram decretar guerra às acácias americanas! Dizem por aí que foi a forma que se encontrou para retaliar contra a invasão de repatriados das terras do Tio Sam. Esses que vieram com essa mania de ser Tughs e de formar gangs tal qual se faz lá nas Américas. Eu não acredito nessa teoria, mas alguém tem que pagar o pato. E é certo que a maioria dessa malta também não ajuda. Também, pudera, cada um sobrevive da forma como sabe! É a lei da selva! Só que com isso estão a acabar com a pouca vegetação existente na cidade; fruto de um enorme esforço de todos os que participaram nas campanhas de reflorestação, do tempo da outra senhora que agora voltou com ideias modernas. É da internet, influências da globalização. Ou será da capitalização de votos? Alguns dizem que é por causa do alcatrão. Não vá dar-se o caso de ter que estar a esventrar a cidade para reparar a canalização que uma raiz de acácia mais atrevida resolveu atacar, para fazer dela o seu chafariz. O mal dos americanos é esse, quando não conseguem as coisas a jeito, resolvem á força. Mas eu não acredito que seja realmente esse o motivo. Dizem que o pessoal do kassu-body, andava a esconder-se atrás das árvores para preparar emboscadas às suas vítimas, e como a polícia não tem conseguido dar vazão a tantos casos, investiu-se na prevenção. Será? O pior mesmo é quando se aventuram pelos canos de esgoto e vão dar á sanita da casa de alguém muito importante. Será que o pessoal está com medo de inadvertidamente ser enrabado pela raiz de uma acácia americana qualquer e ser vitima do veneno que usa com os outros no seu dia a dia? Ou será que é mesmo porque vêm aí as autarquicas e não se fez o trabalho de casa na capital?

Texto e foto: Baluka Brazão

quinta-feira, 13 de março de 2008

MULHERES, ATRASOS E KASSU-BODY



No dia 8 de Março, dia internacional da Mulher, estive na Cidade Velha, onde foi festejado esse dia, com a inauguração de uma sede para uma associação de apoio às mulheres dessa zona. Para celebrar tal evento, ouve catxupa cozida na lenha, batuku, e a voz da Lúcia Cardoso… e é claro, os discursos de circunstância! Este tipo de intervenção social é importante porque, a meu ver, ajuda a encurtar as distâncias que existem na nossa sociedade, em termos socioeconómicos, entre as populações que carecem desses apoios, e as que têm acesso mais imediato ao ensino e ao emprego. Ajuda a absorvê-los em vez de marginalizá-los.

Um pouco mais abaixo, no largo central onde está exposto o pelourinho - onde eram castigados e vendidos os escravos que para aqui eram transportados – estava instalada uma pequena feira de artesanato nacional. Havia também um palco montado para um concerto de celebração da passagem do Amistad pela cidade da Ribeira Grande. Quem quisesse, podia ainda ir visitar a réplica da escuna que se tornou famosa pelo papel que assumiu na abolição da escravatura nos EUA (La Amistad), que estava ancorada na baía da Ribeira Grande de Santiago. Para isso, bastava fazer fila, para ir de bote até ao veleiro.

A praça e a esplanada estavam bem compostas. Aguardava-se com alguma expectativa o concerto que traria ao palco músicos de renome como Ramiro Mendes e Kim Alves, entre outros. No entanto, como já se vem tornado hábito, as preparações para o inicio do espectáculo, foram acontecendo durante a festa e, houve mesmo quem tivesse desistido de esperar pelo inicio atrasado da actuação dos músicos. Este hábito de não cumprir com os horários programados está a enraizar-se de tal forma no nosso meio, que há quem já o chame de “horário cabo-verdiano”. É bom que não se tome isso como um elogio aos nossos costumes. Quando se assumem compromissos que envolvem terceiros, é preciso saber respeitar horários, porque não será sinal de boa educação, deixar os outros à nossa espera. Em alguns casos, esse comportamento acaba por premiar os prevaricadores.

De volta à capital, reunimo-nos em casa de um amigo para uma troca de ideias musicais. A meio da nossa audição, porém, fomos surpreendidos pelo alvoroço causado pela chegada de um terceiro amigo e a namorada, que tinham ficado de se juntar a nós e que tinham acabo de ser vítimas de kassu-body, mesmo á porta da casa onde nos encontrávamos. Valeu ao casal, o facto de, o meliante ter tentado agredir o nosso amigo com um ferro e este ter conseguido agarrá-lo, resistindo ao ataque e, após alguma luta, o agressor ter-se posto em fuga, levando apenas um casaco. Parte desta cena foi presenciada por alguns transeuntes que limitaram-se a olhar para o que estava a acontecer, sem intervir. Este tipo situações de violência urbana está a aproximar-se vertiginosamente da porta das nossas casas e parece que aos poucos, vai sendo assumida como um desastre natural!

Fará também isto, parte da nossa cultura? Esta indiferença a tudo o que passa ao nosso redor mas que não nos afecta directamente! É que até entende-se que o batuque seja apresentado como principal símbolo da cultura nacional e que se pretenda dar à Cidade Velha a dimensão que deveria ocupar na história do tráfego negreiro. Mas assumir a violência urbana como um mal que não pode ser combatido e que tem que ser assimilado, não me parece que faça parte da cultura deste povo de brandos costumes que, vem sendo afrontado com situações que aos poucos vai diminuído a qualidade de vida de quem habita esta cidade porque, muitos dos que cá vivem, não consegue adopta-la como sua.

Texto e fotografia: Baluka Brazão

quarta-feira, 12 de março de 2008

DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

Aos poucos vão voltando os cortes de energia regulares na capital e sempre com uma nova justificação! Como será possível fazer a manutenção do estatuto de PDM sem ter luzes suficientes para resolver males como a Electra? Será que o Estado irá distribuir subsídios para que todos possam ter o seu gerador caseiro para resolver este problema energético e lançar-nos assim no caminho do desenvolvimento sustentado?

EKU DI NET!

Atenson pessoal! Segundo um texto ki sta circula na net, bebi cerveja ou refrigerante na lata sem labal antes ou usa palhinha, podi mata! Por isso tudo alguém ki gosta di bota um boka na lata pa djuda mata kalôr num dia di sol, debi da um leitura na kêl texto pa tem nuson di perigo ki ê sa ta korri. Si bu ka ta da pa laba bu lata antis di bu poi boka na êl, pidi um palhinha. Si ka tem palhinha, é midjor bu controla bu sêdi!

Nhôs fika drêtu!

Latinha de refrigerante e cerveja precisam ser lavadas, até mesmo a que pedimos em restaurantes


Morreu Orlando.


Brilhante advogado e pai da modelo Daniela Sarahyba, numa situação absolutamente igual ao que se vem repetindo, com freqüência dolorosa.


Ele tinha uma casa e uma lancha em Angra. Ao sair na lancha com amigos, num domingo, levou na geladeira da embarcação latas de cerveja e refrigerantes.


No dia seguinte, 2ª feira, estava internado numa UTI e morto na 4ª feira.


Ele era um atleta, adorava a vida, e a vivia com intensidade.

o exame cadavérico atestou leptospirose
fulminante contraída na lata de cerveja que ele havia tomado, sem copo e sem canudo, no barco.

O exame das latas atestou que estavam infestadas de urina de ratos,
consequentemente de leptóspiras.


MUITO CUIDADO !!!


AVISO AOS CONSUMIDORES DE BEBIDAS EM LATA:

Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome cuidado de lavar a parte de cima com água corrente e sabão, se possível, use canudo.

Aqui em casa, é obrigatório lavar as latas com desinfetantes mesmo as que vão à geladeira.


Uma amiga da família morreu depois de beber uma soda em lata.

Provavelmente ela não limpou a parte superior da lata antes de beber, e a lata estava suja com urina de rato seca, que contém substâncias tóxicas e letais, inclusive leptóspiras, causadoras da leptospirose.


Bebidas em lata e outros alimentos enlatados ficam guardados em armazéns que geralmente estão infestados de roedores , e posteriormente são transportados para as lojas de venda sem a devida limpeza.


Complementando:


Uma pesquisa do INMETRO confirmou que a tampa da latinha do refrigerante é mais poluída que um banheiro público.



Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e sabão' .





Dr. Fabio Lopes Olivares - Setor de Citologia Vegetal,
Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT);

Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)


Av. Alberto Lamego, 2000 - Horto 28015-620 - Campos dos Goytacazes(RJ)

Tel: (24) 726.3838 / Tel(fax): (24) 726.3714 Por favor, encaminhe este aviso às pessoas com quem você se preocupa

sexta-feira, 7 de março de 2008

MAYRA AGAIN!


Mayra, continua a passear charme e talento pelos palcos por onde passa. Desta vez, numa tournée pelos palcos de terras de Portugal onde as salas estiveram esgotadas, segundo: uruguru@uruguru.net. “Estes concertos tiveram uma convidada especial, Celina Piedade, que deu um toque especial a alguns temas de Mayra, com com o seu acordeon.

Mayra voltará a Portugal já no dia 11 de Julho, para participar no Cool Jazz Fest em Oeiras!

quarta-feira, 5 de março de 2008

EXTRA TERRESTRES

A Electra continua a brindar-nos com os seus habituais cortes de energia eléctrica. Desta vez, segundo os responsáveis dessa empresa, as culpas desses cortes, é da responsabilidade da empresa que a nossa câmara Municipal contratou para atirar-nos com o alcatrão aos olhos. Só que, como as eleições estão á porta, a pressa é tanta, que se vai cortando os cabos e as árvores da cidade, como se o mais importante para nós, fosse ter ruas e avenidas alcatroadas. Serão alguma espécie de extra-terrestres os políticos? Será que não percebem que energia é um bem essencial para a manutenção da qualidade de vida dos cidadãos! Mormente agora, que se declarou guerra às acácias porque estas estão a estorvar a aplicação da camada de tapete betuminoso no Platô!
Agora que o petróleo vai batendo recordes de subidas de preço e cada vez mais se procura formulas para proteger o ambiente, nós investimos cada vez mais no consumo da energia produzida por máquinas alimentadas por gasóleo.

O Resultado dessas políticas, será a instalação de mais ventoinhas e ar condicionados para poder suportar os piques de calor dos meses de Julho e Agosto que irá provocar um maior consumo de energia e uma maior degradação do meio ambiente!

Tudo isto faz-me lembrar aquela canção da Rita Lee: “Alô, alô Marciano, aqui quem fala é da terra”…!

Foto: Publicação

domingo, 2 de março de 2008

FAZI OJI SETI ANU!



Fazi oji seti anu ki Orlando Pantera morri! E, como amigu e grande apreciador di sê obra, m' ka pudia dêxaba passaba ês dia em brancu!
Por isso, m' desidi posta, em si homenaji, um texto ki m' scrêbi e ki tinha sido publikadu na A Semana on line, na dia 28/05/06 (atribuido erradamenti a Baluka Brandão).

GERAÇÃO PANTERA


Há dias, numa das minhas divagações sobre o estado da cultura na nossa querida ilha de Santiago, escrevi um artigo neste jornal (A Semana), intitulado “Dêem-nos Música”, no qual me referi ao Pub Cruzêru e à antiga gestão do Quintal da Música, como exemplos na promoção de jovens talentos da nossa ilha. A minha intenção, era mostrar a necessidade de haver em Cabo Verde, palcos onde os jovens talentos se possam mostrar e interagir com outros músicos experientes, para poderem ter alguma projecção. Uma vez que, não exitem quaisquer escolas - a não ser o Pentagrama, a quem temos que reconhecer o esforço que tem feito para continuar a formar músicos cá na Praia – e as instituições estatais que poderiam ajudar nesse capitulo, funcionam muito aquém das suas possibilidades e obrigações. Não me posso pronunciar sobre as outras ilhas, mas julgo que, o panorama é identico ou pior do que se vive em Santiago.

Nesse meu discurso e pela reacção que pude observar na media local, pareceu-me ter sido injusto com a actual gestora do restaurante Quintal da Música. Devo dizer que não foi minha intenção criticar o que de bom se tem feito, mas sim, realçar o bom trabalho que se conseguiu fazer na altura, numa cooperação entre o Quintal da Música e o Pub Cruzêro. O ponto mais alto dessa cooperação foi o Festiquintal de Jazz, onde tivemos a oportunidade de apreciar bons concertos de músicos de renome internacional e nacional, bem como usufruir do convívio com esses mesmos artistas.

De facto, o que é importante realçar, é que esta nova geração de músicos de Santiago – a maior parte residente na Praia – aos quais se apelidou de Geração Pantera, e de quem nos podemos orgulhar, chegaram onde chegaram por terem usufruido de uma dinâmica pró-música existente na altura da sua projecção (deles músicos) na nossa urbe. É claro que, talento é fundamental! Mas sem as oportunidades de se mostrar e poder conviver entre eles e com outros músicos de valor reconhecido, dificilmente chegariam onde hoje estão.

É exemplo disso: o Tcheka. Músico que se tornou num amigo e com quem tive o prazer de compartilhar os primeiros passos como Músico profissional.

Falar da Geração Pantera ou Geração Ayan, implica falar obrigatoriamente de Orlando Pantera. Sem dúvidas, uma das maiores referencias da música de Santiago, juntamente com Carlos Martins (Catchás).

Pantera, como era conhecido pelos amigos e no mundo do espectáculo, foi um dos exemplos de como a formação e a interacção no campo artístico e musical, se torna num factor importante para o desenvolvimento das capacidades do artista. Quando o conheci, Pantera já era um reconhecido compositor e músico. Na altura, tinha frequentado aulas de jazz com o Ney Bettencourt e tocava no quarteto formado por, Ney Bettencourt (Guitarra), Pantera (Baixo), Raul Ribeiro (Bateria), e Casimiro (Trombone). Pantera era um baixista virtuoso, mas estava ainda longe de ser o músico e artista em que se viria a tornar.

Terá sido por essa altura que Pantera começou a sua investigação sobre a música do interior de Santiago, usufruindo da oportunidade de estar a viver nesse tempo, em Santa Catarina. Daí, Orlando Pantera partiu para uma temporada em Portugal, inserido no projecto de teatro de Carla Andermatt, juntamente com outros artistas cabo-verdianos, entre eles: Voginha, Malaquias e Nhelas.

Para mim, essa foi a fase mais importante para a curta carreira de Orlando Pantera. Curta, porque apesar do legado que nos foi deixado por este músico de eleição, acredito que muito mais ficou por conhecer e apreciar, pois que apesar da sua já vasta obra, Pantera preparava-se para gravar o seu primeiro trabalho a solo, acompanhado pelo grupo ARKORA, do qual também fazia parte.

Como dizia... para mim, a experiência adquirida por Pantera na sua estadia em Portugal, revelou-se de extrema importância para a viragem que se viria a dar na sua carreira artística. Aí, ele aprendeu a cantar e projectar a sua voz, bem como a expressão corporal em palco. Isso, viria a fazer de Pantera um cantor imbatível actuando ao vivo. Para além de passar a cantar as suas composições – coisa que antes não fazia - Orlando Pantera, conseguia transfigurar-se em cada um dos personagens que cantava nos seus temas.

Em 1998 – se a memória não me trai – Pantera vem até Cabo Verde em digressão com o grupo de Clara Andermatt para a apresentação da peça “ A História da Dúvida “, na Praia e no Mindelo. Nessa oportunidade, Pantera fez algumas demonstrações dessa sua nova faceta artística no Tex onde surpreendeu a todos quantos tiveram o privilégio de assistir a essas actuações ao vivo, acompanhado tão só, pelo seu violão e pelo Nhelas tocando percursão. O fenómeno não passou despercebido... nem podia!

O Centro Cultural Francês - instituição atenta na promoção de talentos em Cabo verde - convida Pantera para um concerto no seu Espaço Cultural no Platô e outro no Centro Cultural do Mindelo. Para esse efeito, Pantera reúne-se com os músicos: Ângelo, Raul, e Kisó, colegas e amigos que já tinham um projecto comum e formam o Grupo ARKORA. Ficou ainda combinado, um terceiro espectáculo, a realizar-se na Praia, após o regresso do grupo de Mindelo. Esse show, realizou-se no então Clube Náutico da Praia e Deus sabe as dificuldades que tivemos para conseguir um patrocinador para esse evento. Foi um concerto memorável para os que se deram ao trabalho de se deslocar ao Clube Náutico nessa noite. Pantera, cantou, dançou, brincou e encantou, pela forma como interpretou o repertório baseado no Batuko, Finaçon e Tabanka. Confirmava-se o nascimento de um novo Pantera.

As saudades da família que deixara em Cabo Verde e este sucesso inesperado, levou a que Pantera decidisse a abandonar o projecto de teatro, no qual já participava, acerca de três anos e, regressar à terra mãe, para começar a trabalhar no seu próprio projecto. Iria assim dar continuidade ao que escolheu fazer para o resto da sua vida.

Envolveu-se em espectáculos, workshops e ensaios, visando não só transmitir os conhecimentos que adquirira, mas acima de tudo, preparar-se para a gravação do primeiro álbum a solo, acompanhado pelo seu grupo. A esta nova geração de talentosos artistas que tinham apostado na música tradicional de Santiago, Pantera trouxe a mensagem, “BATUKO STA NA MODA”. Para eles, foi como uma afirmação das suas convicções e os resultados estão aí para todos os que se interessam pela música de Cabo Verde: Tcheka , o caso de maior sucesso neste grupo – cantor, músico e compositor extremamente engenhoso - já conta com dois discos gravados e que para além de ter ganho o prémio RFI, tem sido alvo de óptimas referências da critica internacional, bem como uma agenda bem recheada de concertos; Vadú, prepara-se para gravar o seu segundo disco e tem conseguido viver do seu talento; Mayra, conseguiu um contrato com a Sony Music e prepara-se para gravar o seu primeiro trabalho a solo, para além de ter sempre uma agenda de espectáculos bem preenchida, tanto quanto consta; Gamal e o grupo Obá, preparam-se para gravar o seu segundo disco e presumo que também eles irão incluir neste álbum, algum tema de Pantera; Os Djingo, continuam na sua tranquila caminhada, aperfeiçoando aos poucos o seu estilo musical, com raízes na música de Catchás. Espero que quando chegar o momento certo tenham os apoios necessários para conseguir gravar um disco. Talento não lhes falta!

Princesito, um dos maiores talentos deste grupo e que em conversa de amigos já foi referenciado como o sucessor de Pantera, parece caminhar cada vez mais no sentido da sua confirmação. Falta-lhe uma banda suporte à altura. Pela sua participação em alguns discos emprestados em que tem participado, conseguiu fazer-nos crescer água na boca. Aguardamos ansiosamente pelo seu primeiro trabalho a solo.

Neste grupo, podemos ainda incluir o grupo de dança contemporânea Raiz di Polon, com o qual Pantera chegou a trabalhar após o seu regresso de Portugal. Pelo sucesso que já tinham alcançado, fazendo dança contemporânea assente nos ritmos do Santiago profundo e por terem sempre acreditado no seu talento inquestionável, são obrigatoriamente uma referencia neste movimento que se gerou á volta deste Senhor da música de Cabo Verde. Até mesmo Lura que não chegou a conhecer Pantera, acabou por usufruir desta aura que se gerou no seio deste movimento, em prol desta nova génese da música crioula.

Pantera morreu a 2 de Março de 2001 em circunstâncias trágicas – no dia em que devia embarcar para Lisboa onde iria gravar o seu primeiro disco – deixando-nos suspensos na dor de ter perdido muito mais do que um grande amigo. A sensação, foi também, a de perder um artista singular que, vinha mudar por completo a perspectiva que se tinha da música tradicional de Santiago e da música cabo-verdiana, abrindo grandes oportunidades a toda esta geração chamada de “Geração Pantera”.

Hoje, Pantera é a ponte que nos liga às nossas raízes! Para trás ficou o sonho de uma vida dedicada à música e à cultura; Mas, ficou também, a obra, a humildade de um Espírito iluminado, e a frustração de não se ter feito o suficiente para manter viva esta chama que se acendeu na cultura cabo-verdiana.

Texto: Baluka Brazão


VAZIO DE IDEIAS

O tapete betuminoso começa a estender-se pelas principais artérias da cidade, e para alguns, a situação torna-se negra, da cor do alcatrão que agora cobre as pedras da calceta de algumas ruas do Platô. Logo, ouvem-se ecos sobre o oportunismo de Filú, que em final de mais um mandato, trata de prepara-se para mais um, à boleia do governo. A vida de político é assim em Cabo Verde. É preciso ter faro para saber aproveitar as oportunidades a seu tempo. Com isso, o Platô começa a ganhar ruas alcatroadas e passeios desnivelados – dizem os mais cépticos. Na verdade, para quem transita de automóvel pelas ruas já alcatroadas, sente uma enorme diferença, principalmente porque, ao longo dos anos, a manutenção dessas vias, era a mais básica possível; do tipo tapar o buraco, depois de tanto nele se espancar e tanto se reclamar. Mesmo assim, alguns buracos foram-se tornado crónicos e verdadeiras ratoeiras para os condutores menos atentos.

É claro que esta obra devia ter sido melhor preparada, para se poder fazer a correcção do terreno, principalmente lá onde os passeios foram perdendo altura e passaram a estar nivelados quase que ao nível do pavimento onde circulam os veículos motorizados. Esse problema não surge agora com o alcatroamento das ruas em questão, como alguns pretendem fazer-nos crer. Mas é verdade também, que isso não o torna menos pertinente. A verdade é que, não há tempo para isso; o Platô já esperou demais, e há que alcatroar as ruas rapidamente, antes que passe mais esta oportunidade que cai como mel na sopa do Filú.

A principal via de ligação entre a Praia e a Terra Branca, foi bloqueada ao trânsito, para as tais obras de beneficiação, que aí, é mais do que justificada. À hora de ponta, as filas tornam-se extensas na zona de Chã de Areia, principalmente porque, em frente ao Hotel Marisol, numa via com duas faixas de rodagem muito mal calcetadas, uma das faixas, está geralmente ocupada com alguns carros que devem pertencer a gente muito importante. Porque não se entende que, como é que estando o trânsito para importantes bairros populacionais da capital, como sendo os bairros da Achada Santo António, do Palmarejo, e da Terra Branca, confinado a essa única passagem, não se tenham tomado medidas, no sentido de proibir o estacionamento nessa zona, minimizando assim, o problema causado pelo encerramento da rampa da terra Branca. São nestes pormenores de fácil resolução, que a nossa câmara vai falhando, fazendo-nos a vida negra, sem necessidade. Aliás, esta obra de alcatroamento dos principais acessos á zona alta da cidade e das vias principais de circulação automóvel do Platô, mesmo trazendo algum conforto (e economia) a quem desloca-se regularmente de automóvel pela cidade, parece obra daquelas empregadas domésticas que passaram o dia a comentar a novela com a empregada da vizinha do lado e que quando deram pelo aproximar da hora da chegada da patroa, atiraram com o lixo todo para debaixo do tapete. Mas este é o país em que vivemos e estes são os gestores municipais que temos! Aliás, Há coisas que parecem só acontecer, nesta cidade, como por exemplo: Colocar cartazes publicitários (out-doors), em plena praça Alexandre Albuquerque! Aonde mais é que se consegue ver coisa parecida?

Há no entanto uma sensação de se querer fazer mais e melhor, ainda que a ocasião não seja a mais propícia, porque facilmente se confunde com obras feitas à pressa, porque vêm aí as eleições autárquicas. Estranho é a sensação de desespero em que parecem ter caído os militantes do MPD, com estas obras de melhoramento de algumas ruas e avenidas da cidade. Certamente que não serão estas obras que farão de Filú vitorioso nas próximas eleições autárquicas. Há toda uma avaliação do que se fez em prol da cidade neste ultimo mandato, que irá pesar na avaliação positiva ou negativa deste candidato a um novo mandato. Assim como, haverá também, por parte dos eleitores, uma apreciação do discurso e das propostas do candidato apoiado pelo MPD, nesta disputa pela câmara da Praia.

Portanto, a meu ver, o MPD, devia estar preocupado em ter argumentos convincentes, de que pode ser uma alternativa para uma melhor gestão da capital, em vez de estar a tentar convencer os praienses, que estas obras irão de alguma forma, prejudicar a cidade e os seus habitantes. Não me parece que seja por essa via que se irá conseguir alguma vantagem nestas eleições. Seria importante, no entanto, a discussão sobre a melhor forma de se conseguir melhorar a pavimentação do Platô, podendo preservar a configuração estética deste centro histórico da cidade. Mas depois do assalto que se vem verificando pelos chineses a grande parte das casas dessa zona da cidade, colocando grades e portões de ferro – como bem entendem -, nas fachadas principais dessas habitações, parece-me que essa questão deixou de ter o valor que se lhe devia dar, pesando tão simplesmente, a questão financeira.

Por outro lado, parece-me de todo reprovável, pretender-se aproveitar da intervenção infeliz do deputado António Pascoal na Assembleia Nacional, para através do incitamento ao racismo nos média, se pretender convencer à população da Praia e dos municípios da Ilha de Santiago, a votar neste ou naquele partido. Ganhar nessas condições, seria pôr muita coisa a perder para todo o Cabo Verde.

Essas reacções sobre questões de ordem racial, têm vindo a ganhar alguma dimensão e aproveitamento político no nosso país, quando devia ser combatido por todos, e principalmente, por todas as forças políticas com assento no nosso parlamento. Porque apesar de sermos todos diferentes de ilha para ilha (ainda que sendo uns mais iguais que outros), somos todos iguais na nossa génese. Somos todos cabo-verdianos, e o facto de sermos todos de raça mista – ainda que alguns tenham a pele mais clara do que outros – tem que ser visto com factor de aglutinação e não de marginalização. O mundo global em que vivemos é cada vez mais mestiço! Só gente mal formada e complexada, é que continua a pensar que, em pleno século XXI, a cor da pele pode continuar a ser factor de descriminação social.

Em cabo Verde, felizmente, nunca se exerceu esse tipo de poder. Portanto, é de todo inusitado que passados mais de trinta anos da independência nacional, se esteja agora, a querer dividir os cabo-verdianos segundo a pigmentação da pele e da situação geográfica das ilhas.

O ser humano deve ser avaliado pelas suas ideias! E é isso que falta na nossa sociedade: a discussão de ideias sobre o que é melhor para o desenvolvimento dos nossos municípios, das nossas ilhas e do nosso país. Qual o desenvolvimento que queremos para nós e para as gerações vindouras, e de que forma esse desenvolvimento poderá trazer melhorias na vida das populações, principalmente as mais carenciadas.

Um passo importante para que isso aconteça, será o recenseamento de todos quantos já atingiram a idade de exercer o seu poder de voto. “A mi djam resensia”! “E bó, dja bu resensia”?


Texto e foto: Baluka Brazão

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Jasmine Keith Jarret

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