segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

UM POST PARA O KAKÁ BARBOSA

foto: Baluka Brazão

Caro Kaká: só agora me dei conta do bilhete que me endereçaste no teu blog, e como tal, não poderia deixar de te agradecer por teres reparado nos meus desabafos, na tentativa de chamar a atenção aos mais distraídos, para os nossos calcanhares de Aquiles.

É certo que este tipo de intervenção não agrada a muita gente e pode até soar como o canto de um grilo, que na maior parte das vezes, também incomoda. Talvez por fazer lembrar a muito boa gente que hoje pousa os seus calcanhares sobre o mármore, as suas origens rurais, das quais se deviam orgulhar.

Kaká: só consegue dormir ao som do canto do grilo, aquele que se encontra em plena sintonia com a beleza que nos transmite a natureza. Os outros, aqueles que buscam tão só o conforto pessoal, tornam-se insensíveis até aos gritos de alerta de quem procura sobreviver com o mínimo de dignidade, e vive “SIMA GRILU BAXU PEDRA”! Esses, preferem por isso, tentar matar o grilo, pensando que assim poderão dormir descansados!

Falando de canto, deixo-te os versos de uma bela canção do inesquecível RENATO CARDOSO:

PORTON D NÔS ILHA

Quando um mundo novo cunqui

Na porton di nôs ilha

Pamode qui fogon sem paia

Na ladêra sem cimbron

Tude mãe chei d fidjo sem estória

Tude gril quebrá sê pedra

Pamode manhã ca tem prutchida

E no quema morabeza

Ma distino triste di ilhéu

E no spaia sês pontin

Na prato fundo sem fture

Di tudo bem sirvido qui criás

Di tudo bem sirvido qui criás

E no cuzá um enchada

Má um broca e no espaiá

Um novo ideia na nôs mar

Sol e morabeza pa tude gente

Tude nôs farol di morte

Ma cimitério di nôs água

No vra terra pa tude gente

Lei tude criston tude cimbron

Tem direite na sê gota d aga.

UM POST COMPARATIVO

Museu Gugenheim-Bilbao

Passando os olhos pela revista Beax Arts - que trás um artigo e algumas fotografias de Bilbao, a capital do turismo cultural, que se vem desenvolvendo a golpes de arquitectura espectacular -, lembrei-me dos discursos inflamados sobre o turismo, que os nossos políticos fazem questão de repetir até acreditarmos que é verdade, e dessa mania do Filu, de comparar-nos, pretensiosamente, com essas grandes capitais.

Encontrei incríveis semelhanças com o discurso de Filu, acerca da nova era que pretende, em termos arquitectónicos, para a sua Menina do Atlântico.

Para quem visitou a feira das vaidades instalada na Praça Alexandre de Albuquerque - onde estiveram expostos vários projectos de construção civil de empresas privadas e escritórios de construção civil cá do burgo, numa clara tentativa de promoção, tanto do nosso responsável camarário, bem como dessas empresas e escritórios – certamente que terá ficado com a noção de que ambos (tanto Filu como essas empresas) pretendem iniciar esta nova era da cidade, lançando grandes obras de construção civil – que trarão grandes proventos aos principais promotores dessa exposição, quando a cidade sofre de graves falhas ao nível da infra-estruturação, que irão agravar-se com o aparecimento destes novos projectos.

As incríveis semelhanças que encontrei, relacionam-se com as críticas de que tem sido alvo o correspondente ao nosso Filu em Bilbao, que tem apostado para a sua cidade, naquilo que os seus críticos chamam de "Arquitectura-Marketing".

A linha de pensamento, parece ter fins idênticos, mas na prática, são duas realidades completamente distintas.

Filu, em vez de estar continuamente a falar da cidade com poesia, querendo fazer-nos crer que o que de mau existe na cidade tem pouco impacto nas nossas vidas, devia começar a olhar para a cidade com mais poesia, tentando melhorar o que está mal, para o que se construir no futuro, possa ser uma mais-valia para a cidade.

E já agora, aproveitando esta febre da comparação assente na construção civil, sugiro a construção do nosso Museu Guggenheim, já que o de Bilbao, é o responsável por cerca de 70% das viagens turísticas a essa capital.

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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