sábado, 2 de março de 2013

UMA ODE AO MEU AMIGO ABRAÃO VICENTE

Abraão, meu amigo, escrevo estas linhas para te dizer apenas que gostei muito do teu último texto " O país e o tempo". É pá, gostei mesmo do teu texto... e gostei porque conseguiste pôr o dedo na ferida que aos poucos vai consumindo os valores que outrora nortearam esta sociedade, porque a ambição de cada um dos jovens desta pátria que os pariu é tornar-se num desses novos burguezinhos que se alimentam do trabalho esforçado do povo sofrido destas ilhas atlânticas. É verdade Abraão, gostei mesmo do teu texto, porque esse silêncio que te atormenta, assemelha-se ao silêncio do voo perfeito da ave predadora que sem que a sua vítima se dê conta se apodera do seu destino para saciar a sua fome. É verdade Abraão, gostei mesmo do teu texto, porque de nada nos serve ter um conjunto de valores axiológicos consagrados na nossa constituição, se os próprios políticos, esses tipos que governam este país, olham para ela como se de um amontoado de papéis e palavras sem significado nenhum se tratasse. Abraão meu amigo, não te apoquentes com essas coisas, lembra-te das palavras de Maquiavel e talvez assim, entendas que a política, é feita de pequenos príncipes. Por isso mesmo, meu amigo, poucos são aqueles com nobreza de carácter que conseguem sobreviver nesse meio... mas na verdade Abraão, o que eu queria te dizer, era apenas que gostei muito do teu último texto porque conseguiste dizer o que muitos de nós gostaríamos de dizer, mas como vivemos numa sociedade onde se promove o canalha em detrimento daquele que adquiriu competências através da experiência e do trabalho esforçado, cala-mo-nos, para não sermos prejudicados, e porque talvez assim, um dia, num mero golpe de sorte, consigamos, também nós, alcançar um desses lugares que por ora pertencem aos pequenos príncipes do sistema. É assim Abraão a vida real... que se lixe a solidariedade e a dignidade da pessoa humana... se todos nós temos direito a ter uma vida digna, então, primeiro, deixa-me alcançar a dignidade que julgo merecer e depois falamos dos outros... desses que sempre foram pobres e que agora querem ter também o direito de viver como se fossem gente! Lembra-te Abraão, que aqui, ao bom estilo orweliano, há sempre uns que são mais iguais do que os outros! É pá Abraão, espero que não leves a mal todo este parlapiê, porque na verdade, o que eu queria dizer-te, meu amigo, é que gostei muito do teu último texto, tanto, que não poderia ficar sem te dizer o quanto apreciei este teu texto!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

OS RAPAZES DO FRETE, A DISCUSSÃO JURIDICO-POLÍTICA E O VOTO OBRIGATÓRIO

De entre os vários significados de política, agrada-me aquele que traduz a ideia de política como habilidade de alcançar objectivos através de relações humanas. Gosto de política e sempre admirei quem consegue convencer os seus opositores com argumentos válidos e coerentes. Gosto de ver a política como um espaço de discussão de ideias, onde a conquista do poder resulta da apresentação das melhores propostas, de melhores ideias, que visam, sobretudo e essencialmente, a melhoria do bem estar social, tendo como fundamento, a dignidade da pessoa humana. Contudo, o que se vê hoje em dia, é uma procura da conquista do poder, pelo poder, pelos benefícios materiais que se consegue obter quando se está próximo de quem detêm o poder político. Com isso, deixou de se discutir ideias e passou-se a promover discursos elaborados, muitas vezes distantes da realidade. verdadeiros clichês repetidos ininterruptamente pelos aspirantes a políticos. Porque a política, tornou-se no meio mais rápido de ascenção social, principalmente em sociedades como a nossa, onde escasseiam o emprego e bons valores éticos e morais. A internet e as redes sociais trouxeram uma nova vaga de opinion makers, verdadeiros rapazes do frete que comentam todos os posts dos seus lideres e escrevem textos em que defendem posições em todo similares aos daqueles. O google tornou-se numa ferramenta essencial para quem não tem tempo para se cultivar, ler e aprofundar os seus conhecimentos de forma sustentada. Por vezes, chega-se mesmo a ficar com a sensação de que o número de like´s e de coments no perfil do facebook passou a ser um importante elemento de avaliação para quem pretende entrar nestas lides. É assim que vão aparecendo novos líderes para a juventude, novos directores de serviços na Administração Pública e Deputados da Nação. Gente acabada de sair dos bancos de universidades que vêm no título “conquistado” uma forma de justificar os cargos que lhes são oferecidos, mais pela sua proximidade aos centros de poder que pelo mérito. É também assim que se discute a compressão de direitos fundamentais em nome do voto livre e em consciência, obrigando as pessoas a votar por imposição legal, sem se dar conta que, com isso, se estará a limitar o direito à liberdade de agir segundo a consciência. Direito esse que está compreendido dentro do Direito à Liberdade de Consciência. Um enorme paradoxo, à luz dos direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição da República. Aliás, a situação em “discussão”, configura-se-nos mais como um caso de omissão do poder judicial, na sua função de garante do Estado de Direito Democrático, do que propriamente, da necessidade de compressão de um direito fundamental, através do exercício de ponderação entre bens. Até porque, segundo Gomes Canotilho e Vital Moreira, “a Liberdade de Consciência é um direito constitucionalmente garantido sem restrições”, o que faz com que, o exercício de concordância prática de ponderação ou balanço entre bens se torne particularmente difícil neste caso. Esta discussão torna-se ainda mais absurda, quando não se consegue explicar de forma clara, qual é o interesse colectivo a ser defendido???!! Portanto, não vemos qualquer necessidade de se vir a legislar sobre esta matéria, uma vez que, o problema a ser resolvido, advém da forte pressão ilícita exercida pelos principais partidos e actores políticos sobre o eleitorado, através de um complexo sistema de compra de consciência, que vai desde o oferecimento de empregos bem remunerados, até à apreensão de bilhetes de identidade durante os actos eleitorais. Parece-nos que existem já leis suficientes para combater este mal sociopolítico que se está a tornar num problema cultural.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

EMPODERAMENTO DOS JOVENS, REALIDADE OU MITO?

Cabo Verde é uma República Democrática relativamente jovem á procura de construir valores que se cuadunem com o Estado de Direito Democrático instituído, a nosso ver, a partir da constituição de 1992, que vem consagrar um Estado de Direito Democrático assente nos princípios da soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democrática e no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais[1]. É a partir de então que passa a haver uma verdadeira separação de poderes garantindo aos cidadãos a protecção dos seus direitos e liberdades fundamentais, subordinando o próprio Estado á Constituição e ao respeito pelo Princípio da Legalidade[2]. As estatísticas dizem-nos que cerca de 50% da população residente no arquipélago tem menos de 20 anos. Portanto, uma população muito jovem que indicia uma força reprodutiva acentuada e uma consequente renovação constante de oferta de mão de obra laboral tida no seu sentido amplo. Resulta que a constituição de família implica alguma sustentabilidade económica, à qual, Infelizmente, as políticas de ensino, formação e emprego, não têm conseguido dar uma resposta adequada e de acordo com os anseios que se vão gerando a nível dos jovens. Aliás, essa inquietação, por si natural, provocada pela busca do equilíbrio emocional e económico entre os jovens, tem contribuído para o aparecimento de uma série de fenómenos sociais reveladores de uma grande insatisfação e uma plena consciência de que uma das principais atribuições do Estado, é a de progressivamente ir criando as condições indispensáveis à remoção de todos os obstáculos que possam impedir o pleno desenvolvimento da pessoa humana e limitar a igualdade dos cidadãos e a efectiva participação destes na organização política, económica, social e cultural do Estado e da sociedade cabo-verdiana[3]. Ora o que se tem visto na prática é um acentuar de diferenças entre os poucos jovens que, terminada a licenciatura, têm a oportunidade de ocupar lugares importantes de gestão a nível da Administração Pública, devido ás suas relações essencialmente familiares ou partidárias, do que propriamente pelo mérito. Uma vez que os concursos são práticamente inexistentes e quando existem, na maior parte das vezes, os resultados são viciados. Se atendermos ao facto de que a maior parte desses jovens têm pouca ou nenhuma experiência profissional e uma experiência de vida ainda inconsistente, que não ajuda a suprimir o natural défice de capacidade decisória de forma a produzir resultados mais eficientes e mais eficazes, facilmente perceberemos que em muitas áreas da administração pública o país fica dependente do experimentalismo desses jovens que pretendem fazer carreira na política com o mero propósito de obter o maior número de benesses possíveis oferecidas pelo Estado. O facto de cerca de 50% dos potenciais votantes residentes no país serem jovens, torna-se numa enorme tentação para os partidos políticos que estejam no poder, enveredar pelo discurso do empoderamento dos jovens, deixando a ilusão que se está a criar oportunidades para todos, com fundamento na formação e no mérito, quando na verdade, apenas aqueles que têm alguma afinidade político-partidária com o partido que sustenta o poder, ou se propõem a repetir o discurso do líder, acabam por ser premiados com lugares de gestão na função pública ou nos vários institutos e projectos desenvolvidos pelo governo. O que se tem feito, na verdade, não é mais do que promover uma certa imagem de sucesso daqueles que alinham cegamente com as políticas governamentais deixando no ar uma falsa ideia de que qualquer jovem pode também lá chegar se escolher "o caminho certo". É claro que essas políticas acabam por funcionar porque há uma forte aposta na promoção dessa imagem por parte do Estado e uma ambição desmedida da maior parte dos jovens deste país a quem vem faltando valores fundamentais para o são desenvolvimento desta sociedade como são o rigor, a humildade e o respeito pelos mais velhos. Esta forma de agir dos Estado e dos seus órgãos, é uma clara violação do Princípio da Igualdade[4] que exige do Estado um tratamento igual para os iguais e diferenciado para os que são diferentes, no respeito pelos direitos de cada cidadão, tanto como na imposição do cumprimento dos seus deveres. Ora , quando o Estado nomeia determinados cidadãos para ocupar lugares na Administração Pública cuja escolha deveria ser feita mediante concurso, está a violar o Principio da Igualdade porque dá um tratamento diferenciado a jovens que se encontram em igualdade de circunstâncias com os eleitos pelo partido que sustenta o governo. Outro aspecto que nos parece relevante é o facto do mesmo princípio determinar que o Estado não pode isentar nenhum cidadão de qualquer dever que lhe seja exigível, em razão de sexo, ascendência, língua, origem, religião, condições sociais e económicas ou convicções políticas ou ideológicas. Sobre este aspecto, importa questionar se, quando o Estado atribui a determinado indivíduo um cargo para o qual não está manifestamente preparado para exercer com a competência que lhe é exigível, não estará a omitir o sua obrigação de exigir desse indivíduo o cumprimento cabal dos seus deveres? A conclusão a que chegamos é que o Estado de Cabo Verde tem uma série de políticas direccionadas às camadas jovem da população que visa unicamente manter acesas determinadas ambições desses jovens de forma que estes votem continuamente nos projectos que lhes são apresentados, mas que na sua grande maioria, dificilmente conseguirão atingir os objectivos preconizados. Por um lado, porque muitas vezes assentam numa ambição exacerbada que lhes é incutida pelos próprios mecanismos de comunicação do Estado e por outro, porque temos um Estado que não respeita o princípio da Legalidade e que age muitas vezes em clara violação de princípios estruturantes dos Direitos Fundamentais - que são simultâneamente princípios estruturantes da República[5] - deixando assim de garantir a protecção dos direitos fundamentais desses jovens. Acontece que o Princípio da Igualdade, acaba por ser o corolário do Princípio da Dignidade Humana que é o princípio base da nossa Lei Fundamental, que vem referido logo no Artigo 1º da nossa Constituição da República, seguido do Princípio da igualdade, no Artigo 2º e do Princípio da Democracia no Artigo 3º. Ou seja, segundo a estrutura sistemática da Constituição da República de Cabo Verde o poder político deve ser exercido em função das pessoas. Para J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, a Constituição, ao basear a República na Dignidade da Pessoa Humana, explicita de forma inequívoca que o "poder" ou o "domínio" da República terá de assentar em dois pressupostos onde radica a elevação da dignidade da pessoa humana que é a trave mestra de sustentação e legitimação da República e da respectiva compreensão da organização do poder político: "em primeiro lugar está a pessoa humana e depois a organização política; a pessoa é sujeito e não objecto, é fim e não meio de relações jurídico-sociais"[6]. [1] Artigo 2º/1 da Constituição da Repúplica de Cabo Verde (CRCV) [2] Artigo 3º/2 CRCV [3] Artigo 1º/4 CRCV [4] Artigo 24º CRCV [5]José Pina Delgado, Liriam Tíujo Delgado, Teoria Geral dos Direitos Fundamentais 2.4.1 [6]Joaquim José Gomes Canotilho; Vital Moreira, Constituição da República Portuguesa Anotada volume I

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

VIOLÊNCIA COVARDE E GRATUITA

Na semana passada a comunicação social nacional noticiou pelo menos mais três mortes na cidade da Praia e uma no Mindelo, com fortes indícios de se tratar de casos de homicídio, consumados, todos eles, com armas brancas. Portanto, com actos em que houve contacto entre o agressor e a vítima, o que para mim, torna esse tipo de crime mais hediondo. Porém, não obstante os crimes contra a vida serem os mais graves, por afectar o bem mais precioso da nossa comunidade e dos Estados Liberais, chamou-me especial atenção, a notícia sobre o assalto e a agressão covarde e gratuita contra um pastor da Igreja do Nazareno na localidade de Bela Vista. Talvez até influenciado pelo facto de os crimes contra a vida virem sendo noticiados com alguma regularidade e pelos mais variados motivos, a notícia da agressão a esse Pastor, alertou-me para o facto de os criminosos não se contentarem com o espólio conseguido com o assalto mas fazerem questão de causar lesões corporais a um representante de uma instituição religiosa que normalmente serve de porto de abrigo ás famílias mais vulneráveis, tanto em termos psicológicos como em termos materias e por esse motivo, normalmente, goza de especial respeito por parte das populações.
A conjugação destes sinais deveria ser motivo de alarme para todos nós e de especial atenção da parte das autoridades policiais e do governo, pois que a qualquer momento poderemos ser nós, o cidadão anónimo, as vitimas desses meliantes que não respeitam minimamente a vida do próximo, nem tão pouco, as instituições que representam a proteção daqueles que vivem com todo o tipo de dificuldades. É que não se põe aqui a questão da disputa da liderança territoritorial pelos chamados grupos de THUGS, nem muito menos da aquisição de bens materiais para suprimir problemas financeiros. Trata-se de violência gratuita contra a integridade física das pessoas, muitas vezes, associado ao consumo de álcool e de drogas pesadas, de onde advém uma clara falta de controlo emocional dos agressores. Pura adrenalina e inversão dos valores que normalmente são passados para a sociedade através de instituições como a família, a escola e as representações religiosas.

domingo, 25 de dezembro de 2011

CIZE

CESÁRIA ÉVORA

Por estes dias assitimos a todo o tipo de mensagem de condolências e de enaltecimento daquela que foi, até então, a maior figura da cultura cabo-verdiana, pela forma como consegui levar o nome e a alma de Cabo Verde aos mais recônditos lugares deste mundo. Em muitos países, ainda, a única referência que têm sobre Cabo Verde é o nome, a pessoa e a música que Cize transportou com a sua voz melodiosa e encantadora. Cesária Évora, no dizer de Vasco Martins, entre outras qualidades, tinha uma capacidade de afinação musical excepcional. Mas a meu ver, para além desse seu dom musical, o que mais se destacava em Cize, era a sua simplicidade e generosidade perante a fama que alcançou, o seu discurso sempre muito natural e autêntico. Não buscava respostas nem discursos elaborados, respondia às perguntas que lhe eram postas com respostas que demonstravam um profundo conhecimento das agruras da vida sem se mostrar minimamente afectada com o deslumbramento da fama que se reflectia constantemente nos seus interlocutores. Não aceitava qualquer tipo de comparações com outras figuras famosas do mundo do espectáculo: dizia admirá-las pela sua obra mas mantinha sempre os seus pés descalços em terra firme ainda que muitas vezes colocada nas nuvens. Ela era e seria sempre "CESÁRIA ÉVORA". Cantava por prazer e isso para ela era fundamental. Dizia ser agradável saber que as pessoas a admiravam e apreciavam o seu modo de cantar o destino deste povo, a alma deste povo sofredor. Dava-lhe especial prazer saber que podia assim contribuir para a felicidade dos seus admiradores. Aliás, esse parecia ser uma das grandes preocupações de Cize, poder partilhar com os outros o sucesso que conseguiu alcançar não obstante as dificuldades por que passou durante um largo período da sua vida. Para ela o sucesso era uma dádiva que devia ser partilhada de todas as formas possíveis para ajudar os outros,a serem, também eles, minimamente felizes.
Conta-se que quando passava por Lisboa, Cize fazia questão de pedir que lhe trocassem algumas notas de 10 e 20 euros que levava num saco de compras de supermercado para distribuir ás famílias de cabo-verdianos que viviam com dificuldades nos bairros sociais da capital portuguesa. Também em Mindelo, sua cidade natal, Cize era conhecida por estar sempre preocupada em ajudar os mais necessitados.
É esta faceta genuinamente humana de Cize que a torna uma figura incontornável e insubestituível. Portanto, quando se fala de possíveis sucessoras para a Cesária Évora, só se poderá estar a falar da probalidade de vir a aparecer dentro do roll de artistas cabo-verdianos contemporâneos, alguém que pelo seu talento, possa vir a ter um percurso artístico que, de alguma forma, o faça aproximar-se, em termos de respeito e admiração, do que Cesária Évora conseguiu.
A morte de Cize conseguiu surpreender a nação porque nunca em vida, em Cabo Verde, terá merecido a manifestação de respeito e admiração que foi demonstrada na hora da sua despedida derradeira. Afinal, também em Cabo Verde, Cize tinha muitos admiradores secretos que só se vieram a revelar como tal no momento da sua morte.
Outra surpresa que o passamento de Cesária Évora nos trouxe foi o desfilar de mornas e coladeiras na nossa rádio nacional que normalmente tem outro tipo de alinhamento musical. Espero que essa seja uma opção a ter em conta não só nos momentos de dizer adeus aos nossos artistas de renome em reconhecimento póstumo à sua obra, mas que que seja uma opção de divulgação da nossa cultura, da nossa música e dos seus melhores intérpretes. É que para além do lado comercial, a nossa rádio nacional, tem por dever, ajudar na divulgação e preservação dos valores que enformam a nossa cultura.
Sim, Cabo Verde fica mais pobre com o desaparecimento físico de Cesária Évora! Mas, o legado que nos é deixado, em termos de valores humanos, culturais e artísticos, é enorme. É por isso preciso que saibamos respeitá-lo e preservá-lo.
A minha vénia a esta Senhora que se consagrou como sendo uma das maiores figuras da cultura e da música cabo-verdiana. Cesária Évora!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A CRISE ESTÁ EM NÓS!

Entraram porta dentro, armas em riste, cabeças encapuçadas, apontaram as armas á cabeça dos empregados e pediram o dinheiro da caixa. Não satisfeitos, percorreram todos os quartos do estabelecimento á procura de mais dinheiro e foram-se embora sem levar mais nada. Aconteceu assim no Café Sofia, na praça Dr. Loreno, em pleno centro da capital, como tinha acontecido no Cometa, outro dos mais frequentados bares da cidade, na Achada Sto. António. A polícia, soube do ocorrido quando foi apresentada a queixa na esquadra, onde está acantonada. Normalmente, só sai para passar umas coimas por infracções ás regras de trânsito e para intervir nos bairros mais críticos da urbe, quando são para isso chamados e os carros de patrulhamento estão abastecidos com combustível. Deixou de se investir na prevenção, o Estado cedeu o seu "poder legítimo do uso de violência contra o cidadão" aos THUGS. Tudo lhes é Permitido: Desde a invasão ao domicílio para cometer crimes contra a vida, até encontros com o Primeiro Ministro e cachupadas com membros do governo á mistura. Afinal não somos imunes á crise! O pior, é que para além da crise económica, sofremos de uma galopante crise de valores éticos e morais. A corrupção alastra-se nas instituições do Estado, as familias retiram a autoridade aos professores nas escolas e ficam reféns das gangs juvenis, da falta de renda provocada pelo desemprego e pelas políticas sociais que aos poucos vão fragilizando essa célula fundamental da sociedade. E nós, refugiamos-nos nos nossos lares, olhamos para a TV desligada e culpamos a crise e a oposição.
A crise está em nós!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

POLÍTICA TENDO COMO FIM O BEM COMUM

Estamos em Outubro, em breve, com o virar do ano, teremos eleições autárquicas. Na Praia, o meu município, Ulisses Correia e Silva perfila-se como o candidato com maiores probabilidades de vencer o pleito eleitoral, fruto de um trabalho á frente da Câmara Municipal que tem tornado a cidade com uma melhor estética e mais funcional.
Ulisses, apesar da polémica que se gerou á volta da questão, conseguiu retirar os vendedores ambulantes das ruas do platô, libertando os passeios para o transeuntes, mas ficaram os cambistas que vêm aos poucos ocupando o lugar dos vendedores ambulantes. O caso dos cambistas é de solução mais simples do que a que se relacionava com o da venda ambulante pelas ruas do platô porque esta actividade é de todo ilegal e segundo o que tem vindo a público, através dos meios de comunicação social, está ligada ao tráfego e venda de armas e munições. Portanto, não implica a criação de um espaço para albergar estes meliantes. Sendo certo que, no entanto, este será um trabalho para a Polícia Nacional e não da Câmara Municipal.
Ulisses tornou a rua 5 de Julho num espaço aprazível para todos quantos se deslocam ao Plateau, investiu em actividades culturais e aos poucos vai apetrechando a cidade de espaços de convívio público que vão desde as praças inauguradas em vários bairros periféricos da capital, até á construção de uma nova esplanada na Praça Alexandre Albuquerque. Toda essa obra que está a ser feita pelo actual Presidente da Câmara Municipal e seus pares, poderá ser um estímulo ao convívio em espaço público, reavivando assim, o espiríto de comunidade que aos poucos se vai perdendo devido á insegurança que graça pela cidade e por quase todo o país.
Por outro lado, Correia e Silva, herdou da anterior câmara de Felisberto Vieira uma situação dificil de propagação de bairros clandestinos, fruto de políticas populistas que urge combater, pelos vários problemas sociais que este fenómeno em franca expansão trás por arrastamento, que vai desde a falta de organização urbanística até á propagação de grupos de delinquentes juvenis, do roubo de energia eléctrica, da falta de salubridade desses bairros que reúnem condições propicias para a propagação de doenças como a malária e a dengue muito presentes entre nós.
Porém, também nesta matéria, para que se possa proceder à reabiliação desses bairros, parece que será necessário uma forte cooperação com o governo, porque em alguns casos, será necessário realojar algumas famílias e, isso só será possível, através da criação de bairros sociais bem estruturados. Há no entanto, a meu ver, uma forte necessidade de uma intervenção fiscalizadora, principalmente nos bairros emergentes, evitando assim avultados prejuízos, tanto para as famílias envolvidas neste processo, bem como para o próprio Estado. É que deixar que sejam construídas as casas para depois vir demolir, para além dos confrontos entre a população e as autoridades estatais, acaba por provocar danos a ambas as partes que poderiam ser evitados com uma intervenção fiscalizadora mais eficiente.
Existem no entanto bairros onde a solução terá que passar pelo seu reordenamento, criando espaços de circulação para que possa haver acessos rápidos em caso de acidentes, bem como a criação equipamentos sociais que sirvam de apoio ás familias que ali vivem e ajudem a encurtar as distâncias da integração social. Nestes casos, parece-me de maior importância, a criação e envolvimento de associações de zona que possam ajudar os moradores a melhor entender quais a necessidades prioritárias para cada bairro e ajudar a envolver a comunidade neste processo, e na correcta utilização desses equipamentos.
A requalificação de parte da zona litoral tem vindo a proporcionar o aparecimento de mais espaços de lazer públicos e privados não obstante alguns dos gerentes e proprietários da maioria desses espaços privados continuarem a insistir em ter como música ambiente música mais adequada a discotecas do que propriamente ao tipo de negócio que gerem, onde devia prevalecer a paisagem e um som ambiente que propiciasse a contemplação e a conversa. Isso faz com que a cidade ganhe mais espaços de lazer em termos de quantidade mantendo o défice de qualidade já existente. Contudo, apesar de faltar ainda muito por fazer, Ulisses Correia e Silva coseguiu, incontestávelmente, melhorar as condições de vida de quem vive na Praia, de tal forma que já é tido como certa a sua vitória nas próximas eleições autárquicas, a tal ponto que, os outros partidos, e principalmente o grande rival do MPD, o PAICV, começa a ter dificuldades em apresentar um candidato para confrontar-se com o actual Presidente da Câmara da Praia.
Com esta atitude, Ulisses Correia e Silva está a demonstrar que, realmente, os problemas que a Praia enfrentava e ainda enfrenta, têm soluções, e que, é possível, não só resolver esses problemas, bem como, conquistar a admiração dos eleitores através do trabalho e da apresentação de ideias que visem resolver os problemas que afligem os munícipes no seu dia-a-dia. Afinal, também é possível fazer política trabalhando em prol do bem comum!

Ta Sumara Tempo

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Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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