quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Kal Kê Bu Feeling?


Um dos discos que tenho estado a ouvir, é o mais recente disco de Lura, ECLIPSE. Discos de música cabo-verdiana são sempre bons presentes para quem vive na diáspora e nesta minha viagem, este foi um dos discos que ofereci ao meu irmão.
Sobre este novo disco de Lura, devo dizer que gostei da faixa 2 (UM DIA), muito ao jeito de Lura e especialmente, da forma como foi gravado o tema QUEBRÓD NEM DJOSA de Valdemiro ferreira. Muito Funky, excelentes músicos, bom balanço, uma voz forte e bem posicionada. É pena que se teime em querer fazer de Lura uma intérprete de músicas que têm como pano de fundo cenas do mundo rural cabo-verdiano, contrariando essa sua atitude claramente urbana, tendo como primeira preocupação o mercado e só depois a carreira da artista. Se bem que uma coisa acaba por estar interligada à outra, ficando portanto no ar que quem tem o poder de decisão nesta matéria, acredita ser este o melhor rumo a dar à carreira de Lura e ao seu próprio negócio.
Continuando a falar da ideia que se quer passar desse mundo rural, terra, terra, fiquei sem perceber o porquê da introdução de sons de aves de capoeira em TABANKA, da autoria de Orlando Pantera. Aliás, o formato dado a mais este tema de Pantera, vem confirmar o meu discurso crítico, sobre a forma como Lura tem interpretado as músicas deste malogrado autor nos seus discos. Não sei quem teve a ideia, mas não consegui entender qual a ligação que existe entre a tabanka e o grasnar e cacarejar desses bichos!
Será que os brancos curtem essa cena?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AOS COMENTADORES ANÓNIMOS

ISTO É QUE FAZEM DE NÓS

Isto!
E perguntam-nos:
- sois homens?
Respondemos:
- animais de capoeira.
Dizem-nos:
- bom dia.
Pensamos:
lá fora...

Isto é que fazem de nós
quando nos inquirem:
- estais vivos?
E em nós
as galinhas respondem:
- dormimos.

Poema de Arménio Vieira

domingo, 9 de agosto de 2009

Discurso Indirecto


Num destes dias, enquanto revisitava os discursos desta nova vaga de músicos cabo-verdianos que têm feito enorme sucesso, principalmente, além fronteiras, lembrei-me das enumeras críticas lançadas contra a Mayra, após a chegada do seu primeiro álbum. A maior parte referia-se ao facto de a música da Mayra ter fortes influências da música brasileira. Sobre essa questão, Mayra terá dito numa das suas muitas entrevistas, que esse seu estilo, tinha tomado essa forma, porque durante a sua formação musical, desde muito nova, a música brasileira esteve sempre muito presente. Sendo filha de pais cabo-verdianos, ainda que nascida em Cuba e viajada por vários países da Europa como de África, é natural que a música brasileira tenha influenciado a música de Mayra, porque a bossa nova, o samba e outros ritmos desse país irmão, são presença assídua, na maior parte dos lares crioulos, para além de ser evidente, a influência deixada, na forma como hoje se toca, por exemplo, a coladeira. Porém, devo acrescentar que para além desses factores, no caso da Mayra, pesa muito o facto de ter no seu grupo de músicos, um excelente percussionista brasileiro chamado José Luís Nascimento.
Nestas coisas de conversas musicadas, lembro-me ainda de um desses encontros com Djô da Silva, na altura em que o Tcheka estava a gravar o seu primeiro disco para este produtor, em que ele dizia que lhe tinha sido feito uma proposta para produzir o CD inaugural da Mayra… na verdade, o que ele dizia, era que lhe queriam impingir a Mayra, mas que ele não estava interessado no estilo dela.
Olhando para o percurso que a Mayra tem feito e o facto de estar a gravar para a SONY, a esta altura, parece-me que Djô da Silva deve estar bem arrependido de ter recusado a dita proposta. Para além disso, é bom que se ponha a pau, porque depois de ouvir a faixa nº 6 do novo álbum de Mayra, fiquei com a impressão que ela começa a querer chamar a si parte dos apaixonados pela voz de Cesária Évora. Um mercado muito apetitoso, diga-se!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Melhor Cidade do Mundo


Após a leitura do post do meu amigo e irmão César Cardoso, sobre as melhores cidades do mundo, onde se destacam claramente as cidades onde existe uma forte preocupação com o meio ambiente, o que passa também pela questão estética, e ainda pelas oportunidades que se oferecem aos seus habitantes e visitantes em estar em constante contacto com eventos culturais e artísticos, aonde forçosamente se tem de incluir a culinária, pus-me a pensar nas várias cidades que já visitei nas minhas muitas viagens que já fiz durante esta longa jornada que é a vida, e as opções que gostaríamos de ter na nossa cidade capital. São essas coisas que vêm faltando à cidade da Praia, que felizmente, começa a ter outro aspecto com a nova gestão camarária, e, algumas opções esporádicas para arejar os nossos espíritos, porque nem só do pão vive o homem.
Ainda assim, parece-me que a melhor cidade, é onde nos sentimos bem, e são tantas… ainda que a nossa, seja sempre a melhor!
De férias por terras do tio Sam, saí uma destas noites acompanhado pela família e alguns amigos para ir a um restaurante japonês comer sushi, e depois, demos um pequeno salto ao Wally´s Café, em Boston. Depois de nos deleitarmos com duas travessas de sushi confeccionadas pela detentora do galardão de melhor chefe nessa matéria em 2008 nos EUA, acompanhadas de um bom Merlot, partimos para Boston, para assistir a uma sessão de funk e jazz ao vivo, naquele que é o melhor jazz café dessa cidade, onde a poucos metros de distância, fica o Berklee College of Music.
A melhor cidade do mundo é onde nos sentimos bem, e são tantas… ainda que a melhor seja sempre a nossa cidade! Mas para isso, é preciso que sintamos que fazemos realmente parte dela.

Texto e fotografia: Baluka Brazão

TEMPO DE REFLEXÃO

Quando se começa a contar espingardas para as próximas eleições legislativas e cada vez mais se questiona a qualidade dos homens que optam por uma carreira nessa esfera da sociedade, buscando nos cargos políticos, mais do que a defesa dos interesses da Nação, a defesa dos seus próprios interesses, deixo uma frase de Robert Musil, in O Homem sem Qualidades, para reflexão:

(...) Também na vida, aqueles que calculam friamente não alcançam metade do êxito que obtêm os espíritos bem equilibrados, capazes de nutrir pelos seres e pelas relações que lhe são proveitosos, sentimentos verdadeiramente profundos.

GOOD NEWS



Apesar do grito de Ipiranga dos empresários da construção civil ligados à imobiliária para fins turísticos que viram as suas contas trocadas pela crise económica que aterrou na Ilha do Sal vinda do velho continente, notícias vindas de Portugal dizem que os destinos turísticos mais procurados pelos portugueses durante estas férias de verão têm sido Cabo Verde, Canárias e Porto Santo, na Madeira. Mais importante que a questão dos impostos, parece ser a busca de soluções dos problemas ligados à criação de infra-estruturas sanitárias, ao meio ambiente e à segurança, principalmente na zona de Santa Maria.

Fotografia:Jorge Alves

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

CRISE DE VALORES


Fim-de-semana aziago em Dorchester termina com duas vítimas mortais, resultante de mais uma noite de convívio no restaurante Ka- Carlos, ponto de encontro da comunidade cabo-verdiana nessa cidade. Parece-nos exagerado referir-se a esse restaurante como sendo um dos mais luxuosos restaurantes de Boston, onde os cabo-verdianos dessa região se encontram para tomar uns copos, sendo que frequentemente surgem discussões que terminam em brigas com consequências mais ou menos graves. Para além disso, Dorchester é frequentemente fustigada por lutas de gangs de cabo-verdianos que têm vindo a denegrir a imagem dessa comunidade, que tem resultado, inclusive, na deportação de alguns cabo-verdianos residentes nesse país da diáspora, para cabo verde, onde o clima social existente, tem-se tornado num terreno fértil para o aparecimento desse fenómeno, principalmente, na cidade da Praia. O problema de fundo parece ser o mesmo tanto em Dorchester como na Praia: a falta de disponibilidade dos pais para acompanharem a educação dos filhos adolescentes, os valores que as sociedades actuais que têm como paradigma, a valorização dos critérios económicos, abstraindo-se da adopção de critérios culturais, sociais ou ambientais. Em Cabo Verde, apesar dos dois partidos que se vêm alternando no governo se identificarem como sendo de centro direita (MPD) e centro esquerda (PAICV), ambos têm desenvolvido políticas que se aproximam das linhas com que se cosem os partidos de extrema-direita. E, se nos preocupa o facto de uma das grandes fraquezas da governação sustentada pelo PAICV ser precisamente a falta de soluções para o desemprego dos jovens, o grande investimento que se tem feito em infra-estruturação rodoviária, portuária e aeroportuária, ainda que necessário para que se possa dar continuidade ao desenvolvimento do país, irá provocar, a médio prazo, um aumento de impostos, num período de situação de crise económica mundial, com reflexos a nível nacional, ainda que se pretenda mitigar essa questão. Aguardemos pois até 2011 para ver quais as soluções que serão apresentadas por um e outro partido, sendo que as políticas de ambos, se vêm aproximando cada vez mais, apesar de defenderem ideias diferentes.

domingo, 2 de agosto de 2009

POESIA


Palavra:
Cruzado é jogo
Trocado é intriga
Dado é cumprido
Faltado é falsia
D amor é poesia

De Rei é lei
De Senhor, amén
Mal scrito é erro
Bem scrito é arte
Firmado é promessa
Di bó é simplesmente um língua na nha boca

Palavra:
De vivo é vento
De morto é herança
De honra é aval
Às vez é lamento
De Ordi é pa grita

Gritado é força
Às vez é fraqueza
Rimado é beleza
Rumado é blá-blá
Xintido é oraçon
Di bó é simplesmente um lingua na nha boca

Palavra:
A favor é argumento
Cantado é finason
Titubeado é gaguez
Truncado é mudez
Calado, hmm! Desconfia

De Romeu +e julieta
De Quixotre é loucura
De Buda é sapiência
De Fidel é persistência
Di meu podi ser banal
Ma di bó ê simplesmenti um lingua na nha boca

Versos de Mário Lúcio Sousa, interpretados por Mayra andrade, no seu último disco, Stória, stória.

Ta Sumara Tempo

A minha foto
Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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