Uma das coisas que fiz durante o fim de semana passado foi ler a entrevista da Ministra das Finanças. Pareceu-me coerente e bem estruturada, como aliás é apanágio da pessoa em causa. A leitura ajudou-me a dissipar algumas dúvidas sobre as políticas do Governo, no sentido de resolver problemas crónicos que vêem afectando, negativamente, a vida das famílias e das empresas cabo-verdianas, por tempo demasiado longo, como têm sido os problemas relacionados com o fornecimento da energia electrica e da água. Ficou-me a impressão de que se está a dar passos firmes visando a resolução desses e outros problemas estruturantes, fundamentais para a continuidade do desenvolvimento conseguido até aqui.
Não obstante essa minha leitura, não posso no entanto deixar de reiterar a ideia já antes expendida, de que os investimentos feitos até então e os que virão a ser feitos no que resta desta legislatura, só terão sentido se as famílias e as empresas nacionais perceberem-nas como uma melhoria do seu bem estar.
Nestes últimos anos, o que se tem assistido, é o sentimento de as coisas estarem a caminhar no sentido oposto ao pretendido pelo governo, ainda que o discurso da Sra. Ministra nos aponte na direcção de uma clara melhoria da condição de vida dos cabo-verdianos. Contudo, a assunção de um discurso fácil no sentido da liberalização do mercado, por parte da oposição, numa altura em que ainda se vive os efeitos da crise económica, pode ser perigoso, uma vez que, todos temos ainda bem presente quais as causas que despoletaram esta que é a maior crise vivenciada pela humanidade desde o fim da segunda guerra mundial. Não podemos ignorar que esta mesma crise, levou a que países que são apontados como o simbolo paradigmático das sociedades de mercado, como é o caso dos EUA, fossem obrigados a sujeitar-se a uma forte intervenção do Estado em sectores importantes da industria, da área bancária e da imobiliária, como forma de recuperar a economia desse país que acabou por afectar a economia a nível mundial.
Para um país com fragilidades económicas como as que existem em Cabo Verde, será fundamental que haja uma regulação forte de sectores importantes para a sociedade que vão além das que devem ser as principais atribuições do Estado, como a saúde, a segurança, a educação e o bem estar social, esta última, fortemente ligada às políticas económicas traçadas pelo governo para que a saída da crise internacional não nos mergulhe numa grande crise nacional.
O que acontece, porém, é que a meu ver, geralmente, o sentido do voto, acaba por ser a tradução prática do sentimento popular no que diz respeito à forma como as políticas implementadas pelo governo afectam positiva ou negativamente o seu bem estar no imediato e raramente numa prespectiva de uma melhoria a médio ou a longo prazo. Como tal, parece cada vez mais evidente que o governo supotado pelo PAICV, apesar de ter muita obra feita, terá ainda que conseguir convencer o eleitorado que há uma forte prespectiva da melhoria de condição de vida dos cabo-verdianos resultante dessas políticas.
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