José Maria Neves, depois da afirmação incendiária feita no palanque da Vila Nova, em comício de campanha para as eleições presidenciais (sobre os motivos que terão levado ao assassinato de Cabral), vem agora, publicamente, justificar essa sua atitude extenporânea, dizendo que a sua intenção era a de chamar a atenção aos militantes do partido para os estragos que uma luta intestina pelo poder pode causar.
Não obstante a reação histérica da ala apoiante de Aristides Lima, parece obvio que apesar de se entender a legitimidade de José Maria Neves em querer chamar à razão os seus camaradas desavindos, através de uma intervenção que chocou a estes e à sociedade civil em geral, o momento e o lugar escolhido para proferir tais afirmações, ainda que tivessem unicamente esse propósito, não foram os melhores e, isso justifica as reações que temos vindo a presenciar um pouco por todo o lado.
José Maria Neves tem-nos surpreendido regularmente com este tipo de provocações tanto nas sua intervenções no parlamento, como nos seus discursos em tempo de campanhas eleitorais.
Como primeiro ministro deste país deve ser respeitado pelo cargo que ainda exerce e pelo valioso contributo que deu para o desenvolvimento de Cabo Verde, não obstante as críticas que lhe podem ser apontadas nestes derradeiros anos. Por isso, deveria pautar-se por uma conduta mais ponderada a quando das suas intervenções públicas porque o que se tem visto é um discurso provocador que o coloca ao mesmo nível daqueles que o atacam, por vezes, de forma pouco adequada ao que seria normal, tendo em conta o seu estatuto de representante máximo do governo da républica.
Esta campanha para as eleições presidencias, infelizmente, tem sido marcada, acima de tudo, pela luta pelo poder dentro do PAICV, deixando o país totalmente desgovernado.
Este posicionamento do nosso primeiro ministro pode até ser compreensível se levarmos em conta que a única forma de poder manter alguma "estabilidade" na governação do país, será colocando na presidência da républica alguém que possa garantir a continuidade das suas políticas de governação e que não ponha em causa os expediendes que visam unicamente garantir a manutenção do poder e a sustentabilidade económica através de impostos disfarçados de taxas que vêm diminuindo dia-a-dia o poder de compra dos cabo-verdianos que vão sustentando os luxos de uma administração pública cada vez mais gorda.
Por outro lado, dentro do PAICV, Filú tem vindo a revelar-se como elemento fulcral na angariação de votos junto às bases, reconhecidamente, pelos meios pouco ortodoxos que utiliza para ir comprando a consciência dos mais vulneráveis e não só, de tal forma que o próprio José Maria Neves viu-se obrigado a conceder-lhe um lugar no actual governo tendo em vista as próximas corridas eleitorais, pensando assim poder mantê-lo sob o seu controlo. Porém, a candidatura de Aristides Lima às presidenciais, à revelia da decisão da direcção do partido em apoiar a candidatura de Manuel Inoçêncio, veio baralhar por completo as contas de José Maria Neves e trazer um novo espectro que vem tirando o sono e a tranquilidade ao grande lider e aos seus pares.
Não é por acaso que Filú aparece como principal apoiante da candidatura de Aristides Lima, pois que, neste momento, tem muito mais a ganhar do que a perder com esta confrontação directa a José Maria Neves. Com esta manobra Filú está a posicionar-se claramente como o principal concorrente á sucessão de José Maria Neves na liderança do partido, contando para isso, não só com o apoio das bases, mas também com o auxílio das velhas raposas do partido que continuam ainda a ter ambições de poder.
Contráriamente ao que se tem propalado, parece-me que quem tem aproveitado as declarações feitas pelos apoiantes de Manuel Inocêncio para se colocar no papel de vítima, têm sido aqueles que suportam a candidatura de Aristides Lima, que vêm acusando José Maria Neves de ser responsável por todo o tipo de manobras para denegrir a imagem deste candidato e dos que o apoiam nestas lides presidenciais.
Esta não tem sido a campanha desejável para a eleição de um Presidente da Républica que represente todos os cabo-verdianos e seja o garante da constituição, principalmente, para as minorias, que por vezes não têm condições de tutelar os seus direitos fundamentais.
No plano da ética e do debate de ideias Jorge Carlos Fonseca tem demonstrado estar muito à frente dos restantes candidatos, não só pelas suas capacidades politicas, académicas e intelectuais, mas também, por concorrer apenas ao cargo de magistrado supremo da nação e a sua candidatura não ter subjacente qualquer luta pela liderança do poder partidário. Aliás,não obstante o frenesi dos apoiantes de Lima, querendo demonstrar constantemente que o seu candidato é o que reune melhores atributos para ocupar o palácio do plateau e que inclusivé é desde já o candidato escolhido pela maioria dos cabo-verdianos, parece-me que os resultados do dia 7 de Agosto poderão vir a trazer algum amargo de boca para muito boa gente. Desde já, porque segundo me parece, excluindo o outsider Djack Monteiro, Manuel Inocêncio, apesar de ser dos três restantes candidatos o menos preparado para desmpenhar as funções para as quais neste momento concorre, é o candidato que provávelmente irá grangear a maioria dos votos nos centros rurais onde o factor obras públicas (estradas asfaltadas, barragens, acesso á energia electrica) poderá vir a ter um papel preponderante. Não obstante poder ter a vir que dividir alguns votos com Jorge Carlos Fonseca em algumas localidades, por este candidato ser apoiado pelo MPD, gozando por isso do auxílio das estruturas montadas regional e localmente por este movimento. De resto, Jorge Carlos Fonseca irá ainda concorrer a votos nos grandes centros urbanos e na diáspora, onde é mais conhecido e existe uma maior capacidade de avaliação das caracteristicas de cada um dos candidatos, especialmente, com Aristides Lima. De certa forma, a vantagem que tem sido apontada a Aristides Limas nas previsões feitas até então ajudam um bocado a corroborar esta ideia, uma vez que, estas são feitas, precipuamente, nos grandes centros urbanos.
Perante este quadro de incertezas, é natural que tanto os apoiantes de Aristides Lima quanto os de Manuel inocêncio, estejam inseguros, pelo simples facto que a vitória ou a derrota neste pleito eleitoral poderá significar também, o mesmo resultado nas próximas eleições para a liderança do partido da estrela negra. Portanto, esta guerra á margem das eleições presidenciais, ainda está para durar, sendo por isso, e pelo quadro económico e social que o país atravessa, pouco desejável que se venha a eleger qualquer um dos dois candidatos do PAICV (Manuel Inocêncio ou Aristides Lima) para o cargo de Magistrado Mor da Nação e guadião da constituição que, em caso de grave crise institucional terá que ter autoridade moral e política suficiente para dissolver o parlamento.
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1 comentário:
MUito bem.Creio que o desperdício de energia por parte dos apoiantes de MI,transformam os lobos (aristides lima e apoiantes) em coelhinhos desamparados.A tendência de se fazerem de vítimas do JMN, denota fraqueza e pouco siz para vencerem as eleições.Filú não é lider de coisa nehuma, por isso perdeu a câmara da Praia e vai cooperder com seu seu "Candidato Natural", as eleições.Resultado: PEDRO PIRES precisa de ser alternado, por um presidente competente e capaz de continuar a levar Cabo Verde aos píncaros do mundo moderno como MI e não dum presidente que se auto proclama da Cidadania e outras imbecilidades.Lamento que Àfrica continue a ter pseudo líderes como AL, que só querem o poder, o poder e poder, cega e irracionalmente.
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