Cabo Verde atravessa um momento delicado. Prepara-se para as próximas eleições legislativas em 2011, sendo que, só há duas opções para ocupar o lugar de chefe de governo. José Maria Neves ou Carlos Veiga.
Apesar da grande animação das hostes tambarinas e ventoinhas à volta dos seus candidatos, não me parece que o resto da população esteja tão tranquila sobre em quem votar. É que, como em tudo, também neste aspecto, estamos bastante próximos da imagem do que se viveu em Portugal nas últimas eleições legislativas: dos dois possíveis candidatos, um está em fim de mandato e sem grandes propostas para melhorar a sua performance, e o outro, tem um historial de fim de mandato que em nada o abona.
Um dos grandes problemas a resolver, seja lá quem for o vencedor dessa disputa eleitoral, será certamente o desemprego na camada jovem da população. O actual Governo lançou mão a alguns projectos visando atacar esse problema: avançou com a Universidade Pública e o ensino profissionalizante. Porém, esses projectos, por si só, não garantem a diminuição da percentagem de jovens desempregados no país. È necessário que se aposte em políticas que sejam geradoras de emprego, fundamentalmente, no apoio à criação de pequenas e médias empresas. Senão, passaremos, a médio prazo, de país com carência de pessoal com formação profissional para atacar sectores de emprego importantes e disponíveis na nossa sociedade, para país com excesso de mão-de-obra profissional especializada.
Por outro lado, é facto que, a maior parte dos jovens cabo-verdianos prefere a formação universitária à formação profissionalizante. No entanto, desse bolo, a grande maioria, tem uma perspectiva errada que, terminada a sua formação superior, o Estado terá a responsabilidade de disponibilizar um lugar na função pública para o colocar. E, para termos uma noção dos reflexos sociais que esse problema acarreta, só teremos que dar uma vista de olhos, mais uma vez, ao que vem acontecendo em Portugal de uns anos para cá. Por isso, há que desconstruir o discurso utilizado desde os anos pós independência que visava estimular os jovens a ambicionar uma formação superior em detrimento das outras. Aliás, um discurso coerente para a época, mas que acabou por gerar outros males, como o gostinho pela obtenção de um título académico e a busca de um lugar de relevo na Administração pública, que há muito tempo excedeu os seus limites.
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2 comentários:
Oi Baluka,
Olha que alguém ainda vai dizer que não queres que os jovens aspirem a um curso superior e que és um seguidor do hopfferismo.
Mas, brincadeiras à parte, assino em baixo relativamente à necessidade de se fomentar o empreendedorismo no seio da camada jovem. Falta o clic, o despertar... para uma nova postura, uma nova cultura. Aí, sim, acho que o Estado tem um papel importante a desempenhar. Veja o que o SEBRAE tem feito no Brasil. É esse tipo de soluções que precisamos.
Abr
Djoy
Djoy, a verdade é que lidamos muito mal cm críticas que apontam algumas das nossas limitações. Enquanto não conseguirmos superar este estado de mentalidade, dificilmente conseguiremos progredir como povo.
Obrigado pela achega.
Baluka.
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