sábado, 26 de setembro de 2009

BAKANDESA


Na semana transacta, a nossa televisão nacional (TCV) passou mais uma daquelas peças caricatas que só eles sabem fazer, sobre um grupo de rabidantes de material escolar que se achava prejudicado pelo facto de lhes ter sido interditado a venda da sua mercadoria, mesmo em frente da loja onde a tinham adquirido. Esse quadro tem-se repetido ao longo dos anos sem que ninguém tomasse as medidas legais para pôr coubro a essa concorrência desleal. Porém, este ano, parece que as coisas mudaram e lá estava a televisão caboverdiana para dar voz à reeivindicação da ilegalidade. Sim, porque da forma como é apresentada a peça, faz-nos crer que se estava a violar o direito das rabidantes, não as deixando arrecadar algum lucro sobre o investimento feito, quando o caso devia ser posto prfecisamente ao contrário.
Criou-se uma ideia peregrina, principalmente na ilha de Santiago, de que qualquer negócio é válido, desde que justificado com a falta de emprego e única alternativa para o ganha pão de determinadas famílias, supostamente desfavorecidas. Estribados nesse argumento, aos poucos, foi-se acabando com as areias das praias da nossa ilha mãe, vendida muitas vezes por oportunistas, à construção cívil, hipotecando o futuro de muitos caboverdianos, inclusivé, dos seus próprios descendentes, já que a areia dessa praias é um bem público e pertence a todos nós. É também escudado nesse fundamento que, determinados senhores da droga, são vistos como verdadeiros empresários de sucesso, sendo mesmo, alguns deles, mostrados em programas da TCV como um exemplo a seguir. É a aplicação da teoria de Maquieavel ao business ilegal nas ilhas insulares: o fim justifica os meios!
Conta-se que em certas zonas do interior da Ilha de Santiago, o jovem emigrante que regressa de férias e não traz na bagagem os narco-dólares para construir um prédio para a mãe, e não apresenta um daqueles carrões da moda que tanto gostam de exibir, é dado como “BAKAN” e torna-se motivo de “chacota” na zona.
A verdade é que mesmo tendo autorização para o comércio informal passado pela Câmara, é nosso entendimento que, essa forma de negócio restringe-se a determinados espaços municipais e não a qualquer passeio da cidade, muito menos, no que fica bem em frente ao do distribuidor oficial de determinada mercadoria.
A vida em sociedade rege-se por normas, precisamente para que sejam respeitados as garantias e liberdades de todos, ainda que, por vezes, essas normas defendam mais uns do que outros, porque somos nos próprios que acabamos por validar determinados comportamentos desviantes que acabam por ser assumidos como costumes. Compete-nos portanto a nós, cidadãos, escolher quais as normas e costumes que queremos para a nossa sociedade, e a televisão pública, deve, acima de tudo, defender bons exemplos e bons costumes. Deve mostrar as reeinvidicações das rabidantes, mas nunca numa prespectiva de serem elas quem tem razão, quando estas estão a agir de forma ilegal.

Texto e Fotografia: Baluka Brazão

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Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

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