Guiné Equatorial: Teodoro Obiang, no poder há 30 anos, recandidata-se a novo mandato
27 de Novembro de 2009, 08:15
Malabo, 27 Nov (Lusa) - O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, no poder desde 1979, recandidata-se nas presidenciais de domingo a um novo mandato de sete anos com a oposição a denunciar a existência de fraudes.
"Sou o candidato do povo e não vejo ninguém que possa ir contra a vontade do povo. Vamos ganhar com mais de 97 por cento dos votos", afirmou Obiang.
Nas eleições de 2002, Obiang, que chegou ao poder após um golpe de Estado, alcançou 97,1 por cento dos votos, de acordo com os resultados oficiais.
Às eleições de domingo concorrem quatro outros candidatos e 291 mil eleitores são chamados às urnas, num país onde a população ronda um milhão de pessoas, segundo as autoridades, 600 mil ou 750 mil, segundo organismos internacionais.
A Guiné Equatorial era nos primeiros tempos da presidência de Obiang um país sem grandes recursos, mas a descoberta de petróleo mudou as coisas nos anos 90. O país tem uma produção de 400 mil barris por dia e tornou-se o terceiro produtor subsaariano a seguir a Angola e à Nigéria.
Durante a campanha, Obiang apresentou-se como o representante da continuidade e apontou o trabalho realizado nos últimos anos graças ao petróleo.
No seu estilo habitual, muito nacionalista, criticou as multinacionais petrolíferas e prometeu fazer sair a Guiné Equatorial do subdesenvolvimento para atingir o estatuto de país emergente em 2020.
Placido Mico Abogo, candidato do principal partido da oposição, a Convergência para a Democracia Social, acusou o regime de ter "voltado ao sistema de partido único" e durante a campanha apontou o recurso à prisão, à tortura e à intimidação para calar os opositores, falando ainda numa "fraude eleitoral sistemática".
Para este cadidato, "o petróleo serviu apenas para reforçar o enriquecimento ilícito dos que ocupam o poder".
O relatório de 2009 da Transparency International colocou a Guiné Equatorial no 168º lugar num total de 180 países em matéria de corrupção.
Um diplomata colocado em Malabo sublinhou que "há uma forte mobilização e sobretudo uma liberdade de tom da oposição. Isso não era habitual. Placido Miko não hesita em atacar sobre vários assuntos num tom duro".
O mesmo diplomata disse que não observou irregularidades durante as eleições legislativas de 2008, mas um europeu que pediu anonimato afirmou que "a intimidação" e "o medo de perder o emprego" são de tal ordem que vários eleitores preferiram votar no partido de Obiang a sofrer represálias.
A organização não governamental Human Rights Watch pôs em dúvida a "credibilidade" das eleições, considerando que a ausência de um órgão "independente e imparcial" para vigiar o processo eleitoral permite desconfiar que a votação seja "livre e justa".
A Guiné Equatorial tem o estatuto de observador associado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Inforpress/Lusa/Fim
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2 comentários:
Ainda bem que nós não somos África..
Isso aí sim, é que é África!!
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Pois é, ainda bem que isso só acontece em Africa! E é seguindo essa ideia que acreditamos que qualquer semelhança com a nossa realidade é mera coincidência.
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