Segundo Aristóteles, o homem como animal social que é, tem como objectivo primordial na vida, o alcance da Felicidade, a que eu gosto de chamar de Equilíbrio. Por viver quase que impreterivelmente em sociedade e ter que se subjugar à maioria das suas regras para atingir a Felicidade, por vezes, não entendendo bem essa regras, ou valorizando em excesso algumas em detrimento de outras, acaba por se deparar com situações em que mesmo estando socialmente bem integrado, por ter interpretado erradamente determinados comportamentos sociais, acaba por não conseguir estar feliz devido a problemas de saúde causadas por comportamentos menos correctos.
O povo cabo-verdiano é um povo reconhecidamente simpático e que gosta de conviver. Exemplo disso é a fama da morabeza crioula! Mas na maior parte dos casos, o convívio em Cabo Verde é acompanhado do consumo de bebidas alcoólicas, havendo mesmo casos de pessoas que quando por força maior são obrigados a absterem-se de beber esse tipo de bebidas, vêm-se praticamente abandonados pelos amigos de sempre. O acto de beber em sociedade, em sã convivência, não é em si um acto nefasto para a saúde pública se for feito com moderação, porque pode ajudar a aliviar o stress e a deixar as pessoas mais extrovertidas no convívio com as outras. No entanto, há o outro lado da moeda, muito usual na nossa sociedade, e que acaba por trazer danos físicos, psicológicos, e por vezes até psiquiátricos. Para completar esse quadro de comportamentos nefastos, existe ainda a tradição de acompanhar essas bebidas alcoólicas com um bom torresmo, carne de porco assada, moreia frita, etc.
Ora o Cabo-verdiano é também conhecido pela sua crença na “RAMEDI TERA”, que na verdade, não passa de uma forma fácil da pretensão de alcançar o bem-estar físico, e consequentemente, o bem-estar psicológico. Porque, é essencial que esteja bem tanto fisicamente como psicologicamente para poder perseguir o seu principal objectivo na vida, a Felicidade. Por isso, recorre a todo o tipo de elixir, com o propósito de alcançar o seu objectivo, já que por vezes, nem os próprios médicos têm soluções para determinados casos. Aí entra em acção a mais nova fórmula de “RAMEDI TERA”: As igrejas evangélicas importadas do Brasil. Vendem doses de felicidade para todo o tipo de situação, que vai desde problemas com o consumo de drogas, até problemas de deficiência física que nem a medicina consegue resolver.
Na Bíblia, esse livro sagrado, está escrito que:” Quem tiver fé do tamanho de um grão de mostarda poderá mover montanhas”… mas essa fé, não pode resultar da troca do pagamento de uma mensalidade a uma qualquer igreja, muito menos da compra de qualquer objecto ungido com azeites de Jerusalém, ou banha de cobra importada… existe na Bíblia também uma passagem em que Jesus expulsa do Templo os vendedores de animais para sacrifícios…
A propaganda do acesso á felicidade através compra de determinados objectos vendidos em certas igrejas, tem sido uma mensagem constantemente difundida na rádio e na televisão, muitas vezes propalada por psicólogos travestidos em pastores evangélicos que visam unicamente o enriquecimento ilícito dessas instituições ditas religiosas e das pessoas que estão á frente delas. E é claro que, o nível de aderência a essas religiões, não pode ser lida como o reflexo dos resultados positivos que esse tipo de instituição religiosa tem devolvido á sociedade, em troca dos bens materiais que recebe desta, mas sim, na ignorância científica que alimenta grande parte desta colectividade, e ainda, no desacreditar das populações nas instituições do Estado que cuidam do bem-estar económico e social.
texto publicado no jornal cv connections
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Deixo aqui o comentário que fiz, em pensamento, quando li este texto no jornal: “hmm… as aulas de CP começam a deixar marcas.”
:) Gato Esteves.
Pois é Esteves, esse é um dos motivos de me ter matriculado nessa instituição de ensino superior: para aumentar os meus conhecimentos. Mas o tempo tem sido tão pouco para fazer outras coisas que também gosto que só agora pude publicar o teu post.
Enviar um comentário