segunda-feira, 12 de abril de 2010

KRIOL JAZZ FESTIVAL 2010


“Agora vamos abrir as cancelas para que o público, principalmente o mais jovem, possa estar mais próximo do palco”... foi com uma frase do tipo que Abraão Vicente, o apresentador de serviço, anunciou o grupo ao qual cabia fazer o encerramento de mais um festival de jazz Kriol na Pracinha di Skola Grandi, na Praia. Era preciso dar público ao espectáculo para que não terminasse quase sem ninguém á frente do palco e o pessoal que realmente iria curtir o som dos Tumi & The Volume, completamente relegado para o segundo plano do festival, as margens laterais, onde mal se ouvia o som que deve ser de qualidade num festival de Jazz, pois que se trata de música para ser apreciada mais do que dançada, pôde assim, finalmente, fazer parte do espectáculo. Aliás, este detalhe parece-me ter sido a grande falha da 2ª edição deste festival que visou pura e simplesmente compensar as perdas, em termos de receita, da edição anterior. E foi uma grande falha porque quem comprou bilhetes de 500 escudos para assistir apenas um dia de espectáculo, ou 800 por dois dias, foi literalmente enganado, porque mal informado pelos organizadores do evento.
A parte comercial falou mais alto, mais uma vez esqueceram-se que o público faz parte do espectáculo. No primeiro dia, mais de metade das cadeiras reservadas para o público que tinha o privilégio de assistir ao espectáculo de camarim, com bom som e plano visual, ficaram vazias. No segundo dia a situação era bastante melhor, mas mesmo assim, penso que poderia ter sido feito uma melhor configuração do espaço, de forma a trazer aqueles que ficaram de fora, para dentro do espectáculo, sem ter que abrir as cancelas que circundavam o festival.
Tumi & the volume fechou o festival com uma fusão de rap, funk, rock e alguns ritmos que até podemos chamar de jazz. No entanto, quem foi ouvir jazz, os que tiveram o privilégio de poder sentar-se em frente ao palco, por convite ou pagando o bilhete de 1500 paus pelos dois dias, depois da fantástica actuação dos Manhattan Transfer, que conseguiram atingir o pique do espectáculo com o tema Birdland dos Weather Report, foi dando lugar aos mais novos, até então remetidos aos espaços laterais.
Não quero com isso dizer que não houve Jazz no festival, houve, e espero que nos próximos anos possa haver muito mais jazz. Este é um evento do qual a cidade se deve orgulhar e por isso não deve haver espaço a confusões que nos levem a pensar que nos venderam gato por lebre, porque quem fica a perder é o espectáculo que se quer de qualidade e, com isso, perde a cidade e perdemos nós os amantes do jazz e da boa música que foi possível ouvir nestas duas edições do Kriol Jazz Festival, made in Pracinha di Skola Grandi!

Fotografia: Pedro Moita

2 comentários:

Anónimo disse...

1500 escudos para sentar as duas noites em frente do palco. 7 concertos. 214 escudos por concerto, com artistas de qualidade. E ainda tem gente para reclamar...

Baluka Brazao disse...

comentários deste tipo demonstram a clara dificuldades que alguns comentadores têm em perceber o alcance dos textos postados.

Ta Sumara Tempo

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Praia, Ilha de Santiago, Cape Verde

Jasmine Keith Jarret

Jasmine Keith Jarret

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