Em tempos de crise, como a que o mundo atravessa, em que a própria ONU começa a ficar preocupada com a situação do aumento acentuado dos preços dos alimentos - numa fase em que a cotação do petróleo contínua em alta -, e alguns governos começam a propor acções para ajudar a amenizar este cenário de escassez de alimentos, é obvio que, torna-se completamente inoportuno, a aplicação de uma taxa sobre a compra de combustíveis, como forma de garantir, a manutenção das estradas, que vêm sendo construídas. E, se levarmos em consideração, um estudo feito em Portugal, que foi publicado na revista Visão, sobre a poluição do meio ambiente provocada pelos automóveis - que nos diz que os veículos 4x4, poluem quase duas vezes mais que um automóvel normal -, é caso para concluirmos que, em Cabo Verde, o Estado, e a sua frota de luxo, contribuem grandemente para o consumo exagerado de combustíveis e para a conspurcação do nosso meio ambiente. E o pior, é que quem sustenta tudo isso, somos nós! Todos nós somos responsabilizados pelas tomadas de decisões dos senhores governantes que, cada vez mais se vão esquecendo de perguntar, quais as obras prioritárias para o cidadão e quais iriam resultar em alguma melhoria, nas condições de vida das populações. Parece que, a principal preocupação de quem se apodera de um lugar de responsabilidade política no governo, é, requisitar um bom modelo 4x4, que possa dar alguma sustentabilidade social, ao seu novo status.
Ora, se para quem governa o país, ter uma boa máquina sustentada com erário público, é fundamental, é lógico que, construir boas estradas, se torna primordial! É claro que sempre se pode usar o tal argumento que, essas estradas vão ajudar a desencalhar as povoações mais remotas e travar o êxodo rural. Mas a justificação apresentada para a aplicação de uma taxa desta natureza, num momento particularmente difícil para todos, não lembra o Diabo. É que sempre foi necessário fazer-se a manutenção das estradas que já existiam, e essa necessidade não aparece com o alcatroamento dessas vias que se diz, de desenvolvimento. O problema não está na criação desta nova taxa, mas sim, na oportunidade e na forma como foi criada. Tanto é que, a título de exemplo, torna-se completamente descabido, obrigar os pescadores que utilizam a gasolina para alimentar os motores de popa dos sues botes, a pagar mais 7 escudos, por cada litro de gasolina que compram, porque se tem que garantir a manutenção das novas estradas construídas pelo governo.
Como a maior parte da população que irá sofrer directamente com mais esta taxa é urbana, acredito que seria mais justo e mais proveitoso, criar uma taxa de ligação ao sistema de esgotos e de acesso á agua canalizada, e avançar com projectos para esse efeito. Mas os políticos continuam a preferir o “penso logo existo” de Descartes, em vez do “sinto logo existo” de António Damásio.
Texto e foto: Baluka Brazão
5 comentários:
2 pergunta pls:
bu tem carro?!
se sim ta gostaba di sabi marca e cilindrada?
um aspirante a político, e quem sabe futuro governanti
Anónimo, n ten carro sim ma ê ka tem matrikula amarelu. Mi ki ta paga si manutenson! E pa bu infurmason n ka ta aspira a um lugar polítiku.Nha ideologia ê outro. Midjor kondison di vida pa kês ki tem más pouko. Só si ki nu ta podi vivi tudu trankuilu.
Fika drêtu!
Um primeiro ponto relativamente à crise alimentar: As subidas dos preços no mercado mundial são ou deviam ser conhecidas por nós. Os preços dos sessenta produtos agrícolas comercializados no mercado mundial aumentaram 37 por cento no ano passado e 14 por cento em 2006 ( New York Times, 19/Janeiro/2008). Os preços do milho começaram a subir no princípio do Outono de 2006 e em poucos meses aumentaram 70 por cento. Os preços do trigo e da soja também entraram em espiral na mesma altura e encontram-se agora a níveis recordes. Os preços dos óleos alimentares (fabricados principalmente a partir da soja e do óleo de palma) – um produto essencial em muitos países pobres – também dispararam. Os preços do arroz também aumentaram mais de 100 por cento no ano passado ("Os altos preços do arroz anunciam perturbações na Ásia," New York Times, 29/Março/2008).
Dizer que é recente é fazer de conta ou então estar-se desatento ao mundo.
A TSMR vai afectar os mais pobres? Coisa improvável ou então temos os pobres mais classe média do mundo. Devem ser os pobres que têm carros e circulam nas estradas pois é uma taxa que incide sobre quem abastece nas bombas para circular nas estradas com veículos automóveis. E se ainda sei ler o diploma diz que é restituído a quem comprar para outros efeitos.
Não gosto da taxa mas compreendo a necessidade de manutenção à nossa custa e não à custa de um OE financiado por cidadãos de outros países que pagam taxas para manter as belas estradas que invejamos. E compreendo que quem mais abastece_mais circula_mais usa_mais gasta_mais paga! Mas é só uma opinião que já vai longa.
Sanpadjud, não vou discutir aqui a noção de tempo, mas gostaria de lembrar que, o aumento do preço de combustíveis, com esta taxa adicional, não afecta só aos proprietarios de automoveis. não há duvidas que é necessário fazer a manutenção das nossas estradas de forma sustentada e por quem as utiliza. Agora, será este o melhor momento para a aplicação desta taxa?
Obrigado pelo teu comentário.
Respondendo, acho que do ponto de vista eleitoral é um suicídio; do ponto de vista de que aquilo que nos espera é mau e o preço dos combustíveis não vai descer (se alguma vez voltar a descer) senão umas migalhas e que temos de nos habituar a viver num mundo de combustíveis caros... pessoalmente e como ambientalista (reminiscências da adolescência e nada de risinhos) não posso (seria contradição) defender preços de combustíveis baixos. Claro que a taxa me afecta e mais uma vez vou ter de repensar os meus consumos tipo ir de casa ao café (5 min a pé) de carro e espero que aquilo que a consciência verde não fez o bolso faça.
Desculpa os comentários tão longos...
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