Passo pelo Sal como muitas outras vezes. Desta vez, fico em Santa Maria, antiga vila piscatória que se tornou conhecida pelas suas qualidades turísticas: Sol, praias de areia branca, vento, ondas, gente bonita e afável, como aliás acontece um pouco por todo o Cabo Verde. Em Santa Maria, os tempos mudaram: há gente de todas as cores e origens, incrementando ainda mais a nossa mistura crioula. Tudo se negoceia, até o corpo. Há todo o tipo de artesanato importado e produzido pelos nossos irmãos do continente, a maior parte, vulgar, reproduzida, dezena, centena, milhar de vezes, a preços negociados ou fixos, conforme o lugar onde se compra. O bom gosto pouco importa aqui! O importante é oferecer algo que os turistas do all-included possam levar como recordação. Também se encontram alguns produtos de confecção nacional, que na generalidade, seguem a mesma linha. Há excepções é claro, mas essas não fazem a regra. O corpo também se vende e por vezes, até a alma… por algumas horas, ou alguns dias de conforto e prazer. As noites perderam a poesia de outros tempos, tudo parece muito calculado e impessoal!
Os espaços livres vão sendo ocupados por mais hotéis, de uma forma generalizada, do sistema all-included, que trarão mais e mais turistas do dito turismo barato, de gosto pouco refinado, à procura de arte e prazeres baratos! Em troca, deixar-nos-ão as suas influências e os seus vícios nefastos, as suas doenças; já que as divisas, ficarão na origem, onde lhes são vendidas férias de sonho, para quem tem pouca escolha!
O paradoxo desta questão, é que tudo no Sal é caro, face à qualidade do que se oferece!
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